Vicente Serejo
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Esta varanda é uma pequena abertura de alguns poucos metros, virada para os morros, e o mar. E só sei que o mar fica depois dos morros, é impossível vê-lo. Mas, sinto quando sopra a brisa que conheço desde a infância. É leve e, nos dias mais amenos, azinhavra as vidraças. Nada precisa ser real para existir. São velhas e novas sensações, como as notícias das longas travessias. Dos pássaros quando chegam exaustos e se aninham neste canto cansados do voo.
É quando a vida esbarra contra as notícias que chegam pelos jornais riscando a pele dos olhos marcados nas retinas por histórias vividas. São metáforas, diria um romântico, e feitas de sensações como se fosse possível reviver tardes antigas. Longe, nesse resto de sol ainda forte e que imagino repetir aquele ‘dardejar de diamantes’ da já tão esquecida crônica do poeta Olavo Bilac. Ele olhando o mar do seu Rio antigo, como se os raios de sol espetassem águas azuis.
Há um cromatismo que se desfaz matizado por tons e semitons de verdes e de azuis nos mares daqui e do sul. O mar que aqui é verde, sempre verde, como os verdes mares bravios nos olhos de José de Alencar, e que um dia ficariam azuis como o mar daquele domingo que invade a crônica de Paulo Mendes Campos. É que há um mar nordestino, das esmeraldas de José de Alencar; e um azul-azul, feito das águas fundas quando abraçam o abismo dos rochedos.
Imagino que o verde nasce da alvura amarelada das areias quando o mar se desmancha já próximo das margens. O azul é um mar que se aprofunda misteriosamente, cercando a dureza das pedras como se fosse vencê-las. Como a vida nas suas horas que vão e voltam escondendo os dias e as noites do tempo que passa. Há em tudo um silêncio de abandono que parece tornar irreal o tempo que passou. E, no entanto, o tempo será sempre o futuro, como um pesadelo.
Há sempre dentro de cada um de nós um outro mar. O mar da alma, também profundo e oceânico. Viver consiste em não lutar contra, se somos náufragos dos nossos próprios sonhos. O que fica das afeições mais íntimas, das sensações mais humanas? Talvez no velho mar flutuem em alguma enseada deserta o que sobrou dos remorsos que a vida foi largando ao longo da viagem. Restos dos ontens e anteontens caídos do tombadilho durante as tempestades.
NOME – Para algumas fontes, o nome para unir todas as tendências e sem grandes desgastes seria o deputado Allyisson Bezerra. Mas até agora não manifestou seu interesse em disputar.
CRISE – Para ter idéia de como é profunda a diminuição da presença econômica da Petrobrás: uma empresa prestadora de serviços de Mossoró reduziu sua folha de 900 para 150 operários.
ESTILO – Empresários pediram encontro com a governadora levando idéias. Não deu certo. Ela ouviu. Bem lembrada de que todos eles haviam votado contra e agora querem governar.
CAERN – Os empresários sugeriram vender a Caern. Não confirmou. De última hora, evitaram sugerir o fechamento da UERN. Ainda bem. Fátima é professora Honoris Causa da UERN.
GOZO – De um auxiliar petista, peito de pombo, estufado, sobre a lei do antinepotismo, do deputado Kelps Lima: “Não nos atinge. Temos um governo sem corrupção e sem nepotismo”.
SUGESTÃO – Bem que os amarelinhos da STTU podiam ver como os servidores da Semurb estacionam em torno da sede da secretaria municipal. Atravancam as ruas e fica por isso mesmo.
BIZARRO -Tem padre dançando paramentado diante do Santíssimo e houve um caso ainda mais bizarro de umas dondocas que banharam uma imagem com champanhe. É coisa do capeta.
VOZES – Trecho: “Segui com atenção o rastro dos grandes potiguares: Pedro Velho, Tavares de Lira, Eloy de Sousa, José Augusto. Nenhum Estado federado ofereceu, naquele período saudoso e glorioso, uma melhor escolha de homens públicos do que o Rio Grande do Norte”.
LACRE – A frase de Afonso Arinos, embora por coincidência, consagra a crônica de ontem desta coluna. Tem a força consagradora de um ‘Nil Obstat’, velha e austera forma da Santa Madre Igreja quando aprovava uma publicação. O cronista, comovido, festeja a coincidência.