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Uma data para reflexão

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Laurence Bittencourt – Jornalista

Ontem, 15 de outubro comemorou-se o Dia do Professor. Quem é professor nessa data, sempre, recebem cumprimentos, presentes, parabéns. O que é sempre bom, sem dúvida. Mas a data merecia ser motivo muito mais de reflexão, muito mais até que de comemoração em um país como o nosso. A pergunta mais direta e simples poderia ser: há o que comemorar? Ser professor, dizem muitos, é um sacerdócio. A frase traz consigo embutida, nas entre linhas, uma forma, uma maneira, um lugar que parece apontar para algo como sendo próximo de um sacrifício. Estaria certo, isso? É para ser um sacrifício?

Sacerdócio como sinônimo de abnegação, de doação, como se tal gesto e escolha implicasse em receber todas as dores do mundo, e ainda assim permanecer forte, altivo, firme. É isso? Sacerdócio por ter que suportar as mazelas de um país? As mazelas dos erros públicos e políticos? Sacerdócio por ter que suportar as mazelas da profissão?  Caberia até a pergunta: qual profissão é valorizada neste país? Em qualquer uma delas existiu ou existe um educador por traz. Mais insisto: qual a profissão valorizada neste país? A de politico?

Entendo que a palavra professor, enquanto sacerdócio deveria vir carregado de prestigio e louvor. Não prestigio no sentido de prêmios, mas no sentido de respeito, de concordância que esta, apesar de ser uma profissão árdua, é uma profissão que forma pessoas, que põe valores, que torna humano a criança e o estudante, que implica conhecimentos, que implica em novas relações entre os humanos, entre as pessoas.

Profissão que implica em uma concepção de cidadania e promessa de bem estar. Mas será que é isso que temos e vemos nos professores, na profissão de professor neste país? Sem dúvida que não. Falta a meu ver um sentimento coletivo de pensarmos a educação e todo o processo que envolve a educação como algo que de fato pode e deve ser a saída para este país, ou na busca de um país melhor.

Não bastam apenas discursos. Isso temos aos montes. Sempre tivemos. E ainda assim a defasagem no processo educacional do nosso povo é alarmante. Há na verdade uma defasagem enorme entre aquilo que aparece nos discursos, ou vá lá, entre aquilo que almejamos e aquilo que de fato temos enquanto realidade viva.

Certamente que não é tão incomum ouvirmos frase do tipo: “professor deveria ser a categoria profissional mais bem paga do país”. É? Ou então frases assim: “sem educação não se muda um país”, logo por dedução, não se muda o nosso país. Temos essa educação? Também não.

Com relação aos salários a defasagem é grande, imensa. Mas não basta apenas aumentar o salário. Isso é um passo importantíssimo. Mas não o único. É preciso condições, estrutura, um novo olhar, uma nova mentalidade. Sem dúvida que um país pode melhorar economicamente e materialmente, mas crescer em qualidade, crescer com qualidade é outra história. Crescer em afetividade, em cidadania, em respeito a educação ambiental, é uma outra história. Uma história que ainda precisa ser escrita. Mas para aqueles que já passaram e para os que ainda estão tentando escrever essa nova história, meus parabéns.

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