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Uma derrota para sempre

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Na terça-feira fará 40 anos da bela campanha da seleção de Telê Santana, a tal “geração Zico”, e que não terminou em final feliz. Sempre fui solidário no recalque do fatídico 5 de julho de 1982, mesmo sendo parte de uma geração vitoriosa com o Rei Pelé e seus súditos talentosos. Depois do bombardeio do italiano Paolo Rossi em Sarriá, senti a mesma frustração dos tempos do meu pai com o Maracanaço de 1950 aos pés uruguaios de Schiaffino e Ghiggia. 
Lembrar daquela Copa da Espanha é viajar ao ano emblemático da minha geração que aos vinte e poucos anos dava os primeiros passos em direção às mudanças com o resgate do voto direto para governador. Meu acervo de velhas revistas de futebol é uma máquina do tempo que me leva a compreender melhor o ocorrido na Copa. E principalmente com o auxílio luxuoso do duelo com a Itália que revi tantas vezes em DVD e no YouTube.
E revejo, e sofro de novo, e cada vez curo a ilusão daqueles dias quando o país inteiro imaginou que a magia não falharia diante da velha e experiente Itália, que conseguiu tornar consistente uma formação que foi a sua melhor.
Vejo também que a histeria de torcedor nunca tratou de fazer uma análise racional daquele jogo, onde o desastre coletivo (com exceção de Falcão, que foi magnífico em campo) provocou o resultado negativo da histórica partida.
Os laterais e atacantes da Itália nunca tiveram tanta facilidade para construir as jogadas pelas pontas, aproveitando as discretas atuações de Leandro e Junior, duas avenidas por onde vinham os contra-ataques com bolas em suas costas.
A sociologia explica a tendência nacional em buscar respostas personificadas para as trapalhadas e as tragédias coletivas, numa velha mania de mitificar heróis ou martirizar vilões, todos eles sob as vestes da falsa responsabilidade.
O estádio catalão de Sarriá foi o palco perfeito para mais um drama nacional com atos da nossa historiografia de novela televisiva. Aliás, TV lembra cinema e me traz à lembrança a tragédia da atriz Grace Kelly, morta 2 meses depois.
Aquela seleção de Zico, Falcão, Sócrates e companhia, exibindo um futebol de pura arte, beleza plástica nos passes e gols, viu a glória interrompida por desleixo tático. O Brasil de 1982 errou como Grace Kelly diante da pressão.
A atriz e princesa de Mônaco não soube encarar os desafios das horas mais difíceis, e, pressionada, sobrou numa curva da Riviera Francesa. A seleção de Seu Telê não viu o perigo da Azurra e sobrou na curva de uma quarta de final. 
Sei que fui um dos primeiros brasileiros a não depositar somente em Toninho Cerezo a culpa do fracasso. Sempre alertei para que o jogo fosse revisto e que prestassem atenção às bolas nas costas dos nossos laterais Junior e Leandro.
Porque foi por ali que o Brasil foi surpreendido na velocidade dos contra-ataques dos ponteiros Conti e Tardelli, ambos fornecendo cruzamentos para o carrasco Paolo Rossi. Sarriá foi a Moyenne Corniche do nosso futebol-arte. 
O ano que matou o esplendor da beleza de um time e de uma mulher, também abriu a cova da inocência da minha geração, que passou a votar na ilusão de construir outros tempos, até perceber que as urnas sozinhas não mudam nada.
Desde 1982, cada vez que a Canarinho perde o voo em copas me lembro da assertiva de Paulo Mendes Campos, que percebia como poucos a imprecisão da mídia esportiva e sua mania de vender falsas emoções de arquibancada. 
O cronista botafoguense, autor de livros como “O Gol é Necessário” e “Os Bares Morrem Numa Quarta-Feira”, sentenciava dizendo que a mídia não chegou sequer na Semana de Arte Moderna de 1922. Já a seleção, fez arte moderna em 1970 e perdeu o pincel em 1982, em plena terra de Dali e Miró.
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