sexta-feira, 29 de março, 2024
27.1 C
Natal
sexta-feira, 29 de março, 2024

Uma noite de emoções na Escola de Teatro de Natal

- Publicidade -

TEATRO - Cacá Carvalho falou sobre sua carreira e fez críticas à televisão

Com os olhos de criança como se pudesse desvendar o mundo, o ator e diretor de teatro Cacá Carvalho começou a aula espetáculo inaugural da Escola de Teatro de Natal, quinta-feira à noite no Teatro Sandoval Wanderley, lembrando sua trajetória de vida, quando saiu de Belém do Pará em busca da construção de sua estrada teatral em São Paulo. Lembrou ainda que depois de um problema cardíaco, sua vida mudou completamente. “Hoje só faço o que acredito”, disse.

A aula, intensa como a postura de Cacá, foi costurada com a importância da existência de uma escola numa cidade afastada do eixo Rio – São Paulo, tecendo um discurso direto aos alunos “Estou aqui para lembrar do valor do teatro nos dias de hoje. Eu não aceito que estamos na era da comunicação. Comunicação é o teatro, quando o homem está diante do homem, como eu estou aqui com vocês”, disse.

No decorrer da aula, Cacá lembrou das peças mais significativas de sua carreira, quando montou “Grande Sertão Veredas”, de Guimarães Rosa. “Quando eu penso em Guimarães Rosa eu sinto vontade de chorar de emoção. Gosto das obras dele desde criança”, contou.

Para o ator, o teatro não pode ser somente técnica deve haver também uma lamparina dentro de cada um que possibilite ser acesa. “Um bom ator deve ser antes ser um bom humano”, disse.

Na platéia, muitos alunos da Escola de Teatro de Natal estavam atentos e dividiam as cadeiras com autoridades como o Prefeito Carlos Eduardo, o presidente da Funcarte Dácio Galvão, o presidente da FJA Crispiniano Neto e a Senadora Rosalba Ciarlini, que está atualmente envolvida com a implantação da Lei Nacional de Teatro, e a deputada Fátima Bezerra. Apesar do cochilo de uma autoridade, a maioria da platéia se mostrou bastante ligada no que o mestre dizia. Os alunos ficaram silenciosos o tempo inteiro e ouviram um depoimento emocionado e caloroso do ator. “Eu faço teatro porque a realidade eu odeio”, disse.

Com um discurso vivo e um protesto afiado em relação às condições dos artistas que estão distantes do foco cultural que é o Sudeste, o ator acredita que as políticas públicas deveriam olhar mais pelos atores escondidos e espalhados pelo Brasil afora. “Existem recursos, milhões que são destinados a atores que estão visíveis e muitos que produzem coisas boas vão sumindo, à mingua. Seria mais correto se houvesse um investimento melhor distribuído pelo Brasil”, refletiu.

Outra crítica acentuada pelo Cacá Carvalho é a maneira como a televisão molda os atores. “A televisão é um mercado de trabalho que você deve saber entrar e sair. Se alguém veio aqui procurando aquele personagem (Jamanta, das novelas “Torre de Babel” e “Belíssima”) que fiz na televisão, vão sair decepcionados. Não sou aquilo”.

Longe das telas e mergulhado no universo teatral, Cacá acredita que a função social do teatro é provocar a inquietação no outro. “O teatro é um caminho perigoso e difícil, mas quando a gente faz com desejo tudo se transforma, Boa sorte a todos vocês, desejo de coração que a Escola traga bons frutos nesse deserto que é a realidade teatral”, finalizou.

Lei Nacional de Teatro

A Senadora Rosalba Ciarlini acompanhou a aula espetáculo e recebeu dos atores a carta do movimento Redemoinho, que é o desejo do coletivo de grupos teatrais em transformar a realidade teatral no RN. Com a carta em mãos, Rosalba diz estar compartilhando o mesmo sentimento do ator Cacá Carvalho e dos atores, ajudando na implantação da Lei Nacional de Teatro que deverá ser aprovada ainda esse ano, segundo ela informou. “Estou aqui para sentir de perto a força do teatro. Estamos na luta por uma lei específica para o teatro que possa auxiliar os grupos e fomentar as produções do Estado e do Brasil afora”, contou a Senadora.

A Lei já foi assinada por 30 senadores e tem o apoio do Presidente do Senado Garibaldi Alves Filho e consiste numa Lei parecida com o modelo da Rouanet, só que mais acessível e menos burocrática. “Como está em fase de aprovação, ainda temos um caminho a percorrer. Minha visão no teatro é muito além, ele tem o poder de transformar realidades e desenvolver o País”, disse a senadora.

A proposta da Lei é abrir um incentivo democrático e descentralizado dos grandes centros urbanos. “A intenção é desburocratizar e captalizar de uma maneira acessível para todos”.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas