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Uma vida

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Cláudio Emerenciano – Professor da UFRN

O silêncio desta noite de 3 de maio, quarta-feira, não supera o silêncio da minha alma, do meu sentir, enquanto me encaminho a Deus em prece pela saúde de Aluízio Alves. Habitualmente escrevo na segunda-feira à noite. Mas, nesta semana, quatro hérnias de disco na coluna cervical me impediram de manter a rotina. Retirava-me, à tarde, da clínica onde realizo fisioterapia, quando minha esposa me comunica a hospitalização e a gravidade do estado de saúde do seu tio. Há dois meses rezei por D. Nivaldo Monte, que se hospitalizou em circunstâncias semelhantes. Sou um mariano. Tenho em mãos um terço bento pelo Papa João Paulo II, que me foi presenteado por ocasião de sua visita a Natal. Meu saudoso amigo D. Antonio Costa me entregou a dádiva dentro de uma caixa vermelha com a insígnia do Vaticano. Antes de escrever, rezei meu terço pela saúde do amigo de todas as horas. Do líder de todas as causas. Do homem exemplo de imolação, de sacrifícios, de entrega e de disponibilidade em defesa dos mais nobres ideais públicos.

Aluízio Alves, desde menino, foi uma espécie de “Midas”. Enfrentou  permanentemente adversidades, convertendo-as em soluções coletivas. Beneficiou sobretudo  os mais pobres, humildes e desafortunados. Sua vida de homem público nunca conheceu o medo. Nunca se entibiou ante os arroubos da injustiça, do ódio e da truculência. Deus o fez um visionário. Sua fé cristã foi sempre por ele proclamada. Nasceu vocacionado para servir. Revelou seu espírito público aos onze anos de idade, editando e redigindo o jornal “O Clarim”, que circulava semanalmente de mãos e mãos em Angicos. Suas realizações exibiram o amálgama do seu ser com o que fazia: “nada tem sentido se aí não misturei meu corpo e meu espírito”.

O sertão do Cabugí está coberto de verde. As chuvas, que o menino Aluízio bendizia, restauraram, neste ano, as esperanças do sertanejo. Homem sem ódio e sem medo.  Homem que trabalha no campo de dia, e, à noite, no recesso de sua humilde casa, desfruta a paz dos justos e dos homens de boa vontade.  Essa têmpera  o grande Eloy de Souza identificou em Aluízio, ao prefaciar seu primeiro livro, “Angicos”, escrito aos dezessete anos de idade. O mesmo Aluízio que redigia, aos treze anos, os editoriais do jornal “A Razão”, por quem José Augusto Bezerra de Medeiros assumiu responsabilidade civil e penal. José Augusto que, mais tarde, chamou-o de “meu continuador político”. Enquanto Juvenal Lamartine nele ressaltou “a dignidade, a inteligência, a visão e o espírito de luta do homem público”.

  Aldo Fernandes indicou Aluízio, em 1941, para dirigir a L.B.A. Foi quando  assistiu a mais de vinte mil flagelados, tangidos do interior por uma sêca longa e implacável. Fundou os abrigos “Padre João Maria”, “Melo Mattos” e “Juvino Barreto”. Constituinte em 1946, foi um dos relatores do Capítulo da “Ordem Econômica e Social”. Relator da Lei Orgânica da Previdência Social. Lutou e conseguiu trazer a energia de Paulo Afonso para o Nordeste Setentrional (Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará). Governador do Estado, modernizou-o irreversivelmente. Realizou uma administração visionária, ciclópica e renovadora. Ministro da Administração, reorganizou o serviço público federal. Ministro da Integração, redimensionou o projeto de transposição do rio São Francisco.

Meu Senhor e meu Deus. Ergo minha prece pela saúde de Aluízio Alves. A vós, Maria Santíssima, se essa for a vontade do Senhor, por ele intercedei: “Totus Tuus”.

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