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Universidade interlocutora e contextualizada

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ALCYR VERAS
Economista e professor universitário           

Qual o papel fundamental da Universidade moderna no contexto da sociedade? Especialistas consideram a Universidade como a Instituição que melhor interage e compartilha junto à sociedade, e melhor interpreta as aspirações sociais e culturais de um povo. Ela também é responsável pelo progresso científico e tecnológico de uma nação.

Segundo o Ranking internacional sobre as melhores universidades do mundo, elaborado pelo INSTITUTE OF HIGHER EDUCATION, das vinte primeiras classificadas, dezesseis são norte-americanas; três pertencem ao Reino Unido; e uma à Suíça. Se, todavia, ampliarmos a amostragem do referido Ranking para as 50 melhores, a participação dos Estados Unidos aumenta para trinta Universidades. Fazem também parte da listagem: Canadá, Japão, Dinamarca, França, Alemanha, Austrália e China.

Lamentamos registrar que quando o assunto é Universidade, o Brasil está fora das 200 melhores do planeta e fica atrás de países como a Turquia, Cingapura, Nova Zelândia e Taiwan. É lamentável também informar que, atualmente, apenas 14.5% dos jovens brasileiros, na faixa etária de 18 a 24 anos, frequentam o ensino superior.

A propósito da missão fundamental da Universidade na cultura e civilização dos povos, vejamos o que nos diz o consagrado historiador, etnógrafo, escritor e folclorista Luís da Câmara Cascudo (orgulho dos norte-rio-grandenses): “Se da Universidade não parte a valorização humana da ciência adquirida e sua aplicação nobre e digna, então está jurando solidariedade e aliança-cúmplice com todos os elementos que anoitecem o mundo, e são responsáveis por tanto males e maremotos sociais. Uma Universidade é plasmadora de Cultura em defesa ascensional da Civilização. Se uma Universidade não consegue permanecer n’alma daqueles que a deixaram, após a conclusão de seus cursos, falhou na essência vital da própria finalidade. Ela deve ser, realmente, mais poderosa na transfiguração da saudade, quando já não mais constitui uma obrigatoriedade.”

Parece-nos que as Universidades brasileiras não estão conversando com a sociedade. Quase não há interlocução. A maioria delas causa a impressão de que optou por uma existência intra-muros, hermética em si mesma. A Universidade deve ser uma comunidade acadêmica plural,  aberta, sem nenhum tipo de sectarismo ideológico-doutrinário, livre de preconceitos de qualquer natureza: de ordem econômica, social, de gênero, religião e etnia. Suas bases proativas de atuação devem estar focadas, tanto em programas de desenvolvimento humano e social, bem como quanto aos avanços da ciência, da tecnologia, e sua interação com a modernidade do sistema produtivo e do mercado de trabalho. A fonte dos saberes está na Universidade, lugar onde florescem os cérebros da sociedade.

Nos países desenvolvidos, as Instituições de ensino possuem centros de pesquisas e laboratórios dentro das grandes Corporações Industriais e Comerciais. Os programas aero-espaciais da NASA contam, permanentemente, com cientistas e pesquisadores de várias Universidades do mundo.

A Universidade poderá, sim, prestar serviços às empresas. Isso não “prostitui” sua qualidade acadêmica, nem desonra seu “pudor” institucional.

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