Se buscarmos um significado no dicionário, podemos dizer que eles são livres, desatados, desprendidos. Eles são DuSouto, quarteto potiguar que mistura dub, baião, coco de embolada, rock, samba e drum’n bass. A banda acaba de carimbar o passaporte que garante uma vaga no Festival Rec Beat, projeto que acontece há 13 anos em Recife durante o período de carnaval.
Caracterizado pela diversidade sonora, o Rec Beat já é referência nacional no quesito música independente e se transformou em uma importante vitrine para a ‘descoberta’ de novos talentos. Também formada por Gabriel Souto (groovebox e sampler), Gustavo Lamartine (voz e guitarra) e Júlio Castro (VJ responsável pela criação e projeção de vídeos experimentais), a banda mata dois coelhos de uma só vez com essa passagem pelo carnaval recifense: o primeiro é a queda (esperemos que definitiva!) de um ‘embargo’ artístico velado, que impedia uma maior presença potiguar nos grandes festivais pernambucanos. A segunda cajadada celebra o recente contrato assinado com a gravadora Nikita Music, do produtor Felippe Llerena — também membro da Associação Brasileira da Música Independente.
O grupo aproveita o embalo para voltar a João Pessoa, no próximo dia 10 de fevereiro — a primeira passagem dos potiguares pela capital paraibana foi em novembro de 2005, durante a XIª edição do Festival Nacional de Arte (Fenart). Em Recife, o show no palco do Rec Beat está marcado para o dia 27 de fevereiro, segunda-feira de Carnaval.
“Acho legal essa história de tocar em Recife, um pólo nacional consolidado dentro do cenário da música brasileira”, diz Gabriel Souto. “A cena em Natal cresce a olhos vistos.
Estão surgindo bandas novas, temos bons CDs lançados, o resto do Brasil começa a prestar atenção no nosso som, mas ainda acho cedo considerar a cidade um pólo”, observa o responsável pela ‘cozinha’ eletrônica da banda.
Apenas o formato que será apresentado em João Pessoa está definido: o quarteto irá agregar o baterista Joab, dos Bugs. “Ainda estamos decidindo o conceito do show em Recife, tem toda a questão de viabilizar transporte e hospedagem da equipe”, lembra.
Remanescentes da General Junkie, única banda de rock do RN que chegou a participar do Festival Abril Pro Rock (1995) e do próprio Rec Beat (1997), Paulo Souto e Gustavo Lamartine também comemoram as novidades: “Falei com Felippe Llerena (da Nikita) ontem, e ele disse que já está distribuindo de forma informal uma demo do nosso CD. A nova masterização já foi feita, só está faltando a prensagem das cópias. O legal é que está apostando no trabalho”, anima-se Paulo. Segundo o baixista, Llerena circulou pela Womex, em Cannes, França — uma das maiores feiras de música e negócios do mundo — com cópias do CD da banda. “Foi o primeiro CD que enviamos para alguém de fora. Fiquei sabendo por um amigo (Leo, do grupo de forró pé de serra NaManha) que a Nikita estava procurando novidades para lançar uma coletânea no mercado europeu. Mandamos o disco e duas semanas depois Felippe ligou dizendo que queria relançar o CD na íntegra”, lembrou Paulo Souto. A banda acabou fechando um contrato de 5 anos com a Nikita, que por enquanto só se refere a este primeiro trabalho. “Se resolvermos lançar um segundo disco, a prioridade é da Nikita. A meta agora é lançar em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília”.
Autoramas: surf music sem crise
Mais do que nunca, a trilha sonora da estação mais quente do ano é o rock. Para comprovar tal afirmação, a terceira noite do Circuito Rock Do Sol volta a sacudir o histórico bairro da Ribeira nesta sexta-feira, dia 27, a partir das 22h, com show da banda carioca Autoramas. O trio formado por Gabriel Tomáz (voz e guitarra), Bacalhau (bateria) e Selma Vieira (baixo) divide o palco do DoSol Rock Bar, na rua Chile, com as potiguares Os Bonnies e Peixe Coco. Os ingressos antecipados custam R$ 8 e estão à venda na Velvet Discos (av. Hermes da Fonseca, 1163, Tirol – fone 3084 5890), ou através do no site www.temnamao.com.br.
O Peixe Coco abre a noite com um repertório autoral, registrado no disco “Deliberadamente” (DoSol Records), que transita entre o peso mais pesado do rock e o cadenciado do reggae jamaicano. Já Os Bonnies apostam todas as fichas em uma nova roupagem para o rockabilly cinqüentão: não faltam topetes, jaquetas de couro e guitarradas cruas.
Pela segunda vez em Natal – o power trio esteve na cidade em 2003 para rápida passagem pelo Festival Mada -, os Autoramas contabilizam 9 anos de estrada, turnês internacionais e quatro CDs lançados. Em 2005, foram os grandes vencedores do Video Music Brasil (VMB), da MTV, com o clipe da música “Você Sabe”. Faturaram os prêmios de Melhor vídeo clipe independente, Melhor edição e Melhor direção. Na capital potiguar deste terça-feira, a banda esteve na redação da TRIBUNA DO NORTE para entrevista:
TRIBUNA DO NORTE: Porque Autoramas?
Gabriel Tomáz: O nome tem a ver com energia, velocidade diversão. Depois da banda formada, nunca “corri” tanto de autorama (risos).
Como será o show desta sexta-feira?
GT: A primeira vez que estivemos aqui em Natal, durante o Festival Mada 2003, não tivemos tempo para falar tudo o que queríamos. Amanhã vamos mostrar o show completo, um apanhado com músicas de todos os discos já lançados. Também aproveitamos para mostrar músicas inéditas como “A 300km por hora”, “Mundo moderno” e “Fazer e acontecer”. O novo disco deve estar pronto para em um mês (ainda sem nome).
A sonoridade da banda permanece firme na surf music com tempero do rock indie?
GT: Firme e forte! Somos uma banda sem crise de identidade, sabemos muito bem o que queremos. Recebemos influência de várias épocas, incorporamos tudo e vamos aperfeiçoando o próprio trabalho. Não temos a necessidade de mudar o estilo a cada disco.
E a repercussão do VMB/MTV?
GT: Além do reconhecimento, a melhor coisa que os prêmios trouxeram foi a maneira como as bandas independentes eram vistas. Rompemos com aquele papo de banda independente ser igual a banda amadora, CD independente ser igual a Demo. Acabamos com esse preconceito.