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UTI cardiológica do HWG tem atendimento suspenso

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HWG - Rosângela Morais, diretora do hospital, diz que pacientes não serão prejudicadosAlém dos problemas no setor de traumo-ortopedia, o maior hospital de urgência do Estado fechou ontem a Unidade de Tratamento Intensivo Cardiológica transferindo os pacientes para a UTI geral da unidade. A denúncia chegou à TN através do deputado estadual e médico Paulo Davim.

Segundo o deputado, a direção do Walfredo Gurgel explicou que a determinação para fechamento da UTI aconteceu em virtude da falta de médicos especializados para compor a equipe plantonista. “Faço parte do quadro de médicos daquele hospital e ao tomar conhecimento dessa notícia fiquei muito triste, pois participei da equipe que lutou durante muito tempo para conseguir a abertura dessa UTI. É deprimente ver uma situação como essa onde só quem sai prejudicado é o paciente carente, pois as unidades hospitalares públicas estão necessitando de leitos em UTIs e o Estado se dá ao luxo de fechar a única UTI cardiológica pública do Rio Grande do Norte porque falta profissional especializado. Vale salientar que a direção do Walfredo Gurgel não pode ser culpada por essa situação já que não pode contratar. Essa é uma atribuição do Estado e nós já alertamos aos gestores há muito tempo sobre a necessidade de concurso público para contratação de pessoal especializado”, explicou Paulo Davim.

A diretora do Walfredo Gurgel, Rosângela Morais, o problema ocorreu porque dos oito médicos cardiologistas do hospital, um está de licença prêmio, um outro está de férias e três estão doentes sendo que um está internado por causa de um derrame e dois estão doentes vítimas de dengue. “Por isso desativamos a UTI, mas a partir de segunda-feira providências serão tomadas  para reabertura da UTI Cardiológica, que deverá acontecer em no máximo 15 dias”, disse.

Para o médico Paulo Davim, o fato requer solução urgente já que a transferência de atendimento dos pacientes com problemas cardiológicos para a UTI Geral vai acabar comprometendo o atendimento de pacientes com outras patologias.

Famílias acompanham sofrimento de doentes

O sofrimento dos idosos é traduzido pelos familiares que acompanham de perto a dor e o agravamento da situação diante da espera pela cirurgia. É o caso de Francisco Fernandes, 52, genro do paciente Moisés de Oliveira, 92, que está há uma semana esperando para fazer uma cirurgia de fêmur.

Segundo Francisco Fernandes, o martírio do seu sogro começou na última segunda-feira (10), no município de Apodi, quando ele caiu dentro de casa e reclamou de fortes dores na perna, foi levado ao pronto-socorro onde foi constatado a fratura do fêmur. Ficou internado até quarta-feira (12) quando o médico ortopedista apareceu na cidade e, ao verificar os exames do senhor Moisés, resolveu encaminhá-lo para Natal. O paciente chegou no Walfredo Gurgel no dia seguinte e ficou nos corredores até a manhã de ontem quando foi levado para uma enfermaria. Ainda no período da tarde, por força das promotorias do Idoso e de defesa da Saúde Pública, o paciente Moisés de Oliveira deu entrada no Itorn, à noite foi atendido por um médico que solicitou alguns exames e providenciou medicação. “É muito difícil para quem é pobre enfrentar uma situação como essa. Estou acompanhando meu sogro com duas angústias: a primeira é a apreensão quanto à saúde dele e a segunda é que estou sem trabalhar, pois tenho uma barraquinha na feira do município e desde segunda-feira que não vendo nada. O problema da saúde pública além de prejudicar quem está doente, também causa prejuízo aos familiares que acompanham o paciente”, reclamou Francisco Fernandes. Em situação semelhante estão os demais idosos e acompanhantes internados ontem nos hospitais Itorn e Médico Cirúrgico.

O problema envolvendo a rede pública de Saúde e os hospitais privados vem sendo acompanhado pela TN desde o ano passado quando médicos ortopedistas iniciaram uma greve por discordarem do pagamento efetuado pelo SUS aos procedimentos executados. Segundo a diretora do Walfredo Gurgel, há cerca de dois meses, aconteceu de ter dia em que mais de 20 pacientes idosos chegaram a esperar por vaga nos hospitais privados com necessidade de se fazer cirurgias de média e alta complexidade, procedimentos que não são executados pelo Walfredo Gurgel. O fato levou a diretora Rosângela Morais a encaminhar periodicamente ofícios à promotoria de defesa da Saúde Pública contendo os nomes, idade e diagnóstico dos internados com a finalidade de encontrar uma solução para o problema.

Esse comunicado levou o promotor Fauto França a elaborar um Termo de Ajuste de Conduta para ser assinado entre Promotoria, Estado e Município do Natal com a finalidade de solucionar as deficiências das unidades de saúde públicas. Com a entrada da promotoria do Idoso no caso, um processo criminal foi aberto para apurar os responsáveis pela negligência aos idosos.

Cirurgias serão realizadas na rede pública

A deficiência no atendimento traumo-ortopédico do hospital Walfredo Gurgel e a vulnerabilidade do sistema público de Saúde frente à dependência dos hospitais privados para executar procedimentos cirúrgicos levou o secretário estadual de Saúde, Adelmaro Cavalcanti, a se adiantar ao Termo de Ajuste de Conduta da Promotoria de Saúde para desenvolver políticas emergenciais com a finalidade de resolver o problema a curto prazo.

Aparelhagem será enviada pelo INTO

Entre as principais medidas está previsto a instalação nas unidades hospitalares toda uma aparelhagem enviada pelo INTO (Instituto Nacional de Traumo-Ortopedia do Ministério da Saúde) que habilitará as unidades para executar cirúrgias ortopédicas de média e alta complexidade, diminuindo assim a dependência da rede privada.

Outra medida tomada em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde será o fechamento de um acordo com o Hospital Universitário Onofre Lopes para aumentar o número de atendimentos naquela unidade. “Estamos trabalhando para fortalecer a assistência desenvolvida pela rede pública”, disse Adelmaro Cavalcanti.

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