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UTI do Walfredo Gurgel é reaberta

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ROCAS - Expediente termina na sexta ao meio-dia. Falta um médico

Anna Ruth Dantas e Luciano Oséas – repórteres

A Secretaria Estadual de Saúde voltou atrás na decisão de fechar a Unidade de Terapia Intensiva cardiológica do Hospital Walfredo Gurgel e decidiu reabrir a UTI, seguindo recomendação da Promotoria de Defesa da Saúde. “Momentaneamente o problema está resolvido. Houve um esforço importante do secretário (Adelmaro Cavalcanti) para reabrir a UTI, que havia sido fechada não por falta de equipamento, mas por falta de médico”, observou o promotor Fausto França. A UTI cardiológica do HWG possui seis leitos que agora voltam a operar normalmente.

Com a reabertura dessa unidade, a Secretaria Estadual de Saúde evita que o caso seja tema de processo judicial. Fato diferente ocorreu com os três hospitais ortopédicos privados conveniados ao SUS. Mesmo com todos os equipamentos, mas alegando os altos custos, o ITORN, Memorial e Médico Cirúrgico fecharam suas UTIs. No entanto, a decisão da juíza Vanessa Lyssandra obrigou os três hospitais a reabrirem as unidades, o que deve ocorrer no prazo de 72 horas após serem notificados.

No caso específico dos hospitais ortopédicos, o promotor de Saúde observou que a decisão de reabertura das UTIs não soluciona o problema total das cirurgias ortopédicas. A grande expectativa é para a assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta, que será proposto pelo Ministério Público. No dia 28, os gestores municipais e estaduais de saúde estarão reunidos com os promotores de Defesa da Saúde e do Idoso para discutir o TAC.

“Se o Termo for assinado ele será a lei áurea do SUS na ortopedia do Estado. Estará acabada a dependência da rede pública com os hospitais privados”, destacou Fausto França.

Enquanto tenta acabar com a posição de refém do sistema público com os hospitais privados de ortopedia, outra ação investiga a omissão e recusa de pacientes do ITORN, Memorial e Médico Cirúrgico. Na Delegacia de Proteção ao Idoso tramita um inquérito criminal para investigar denúncias de que os três hospitais se negaram a receber pacientes idosos transferidos do Hospital Walfredo Gurgel.

SMS estuda reajuste para os servidores

Os quase cinco mil servidores da saúde do município de Natal poderão ter reajuste salarial a partir de outubro. A proposta foi acenada ontem pela secretária municipal de Saúde, Aparecida França. A Secretaria está disposta a pagar R$ 458 pelo salário base dos servidores de nível elementar, R$ 549,64 para os funcionários do nível médio e R$ 979,62 para os servidores do nível superior. Atualmente, os servidores de níveis elementar e médio recebem como salário base R$ 350 e o nível superior R$ 495.

No entanto, os reajustes ainda não estão confirmados, já que a secretária Aparecida França disse que só irá enviar a proposta para a Câmara Municipal caso a maioria dos servidores aprove essa proposta. “Se na paralisação (que os sindicatos farão na próxima semana) tiver um bom comparecimento eu vou interpretar que eles não aceitam o reajuste”, afirmou a gestora.

Ela observou que a Secretaria passou três anos e meio estudando o planejamento de aumentar o salário base do servidor da saúde. “Estamos negociando com os diversos sindicatos. Vamos continuar negociando. Mas nossa expectativa é aplicar esse aumento em outubro, se as negociações avançarem”, destacou a secretária.

A secretária lembrou que além do reajuste salarial, nos três anos e meio de sua gestão foram feitos o plano de cargos e contratação de novos servidores através de concurso público. Ela reconheceu, no entanto, que a proposta de reajuste, até o momento, agrada apenas o Sindicato dos Odontologistas. “Esse é o primeiro reajuste no salário base nos últimos 12 anos”, destacou Aparecida França.

Postos de saúde inoperantes

A incapacidade da rede pública de Saúde da Capital para realizar procedimentos cirúrgicos de média e alta complexidade, reportados pela TN desde a última sexta-feira (14),  apesar de merecer uma atenção especial, é apenas um pequeno problema diante das precárias condições de atendimento nas unidades básicas de saúde.

Em uma pequena verificação feita pela reportagem da TN em cinco unidades de saúde da Zona Leste, no início da manhã de ontem, foi possível constatar através das reclamações dos usuários que o sistema está praticamente inoperante: faltam médicos, remédios, material de laboratório para exames, instrumentação para os consultórios dentários, mas sobram pacientes. Para se ter uma idéia, na unidade mista de Mãe Luiza, localizada na rua João XXIII, além de faltar material para exames, no laboratório, o pronto socorro conta apenas com o trabalho dos enfermeiros, pois não existe médico de urgência. Segundo Alba Martins da Costa, moradora do bairro, desde sábado que ela tenta ser atendida para verificar uma torção com suspeita de fratura que sofreu no pulso. “Ao chegar ao PS fui atendida por uma enfermeira, mas ela achou que o caso poderia ser mais sério e, por isso, só um médico que não existia no posto poderia fazer o atendimento e providenciar um encaminhamento. Então me dirigi ao hospital Walfredo Gurgel, mas o pessoal de lá mandou que eu voltasse a procurar a unidade do bairro. Voltei para casa e só na segunda-feira, em outro posto de saúde do bairro, o Centro de Saúde Aparecida, foi onde consegui ser atendida”, reclamou Alba Martins. Já nessa última unidade de saúde, segundo os pacientes a maior deficiência se encontra no setor de odontologia, onde são distribuídas apenas sete fichas por dia para atendimento. O dentista da unidade revelou aos pacientes que a limitação do atendimento se deve à falta de infra-estrutura. Em Brasília Teimosa, o problema está na falta de medicamentos na farmácia da unidade.

Já na Unidade de Saúde das Rocas, devido à falta de um médico na equipe, são distribuídas apenas 15 fichas por semana para atendimento. Os usuários não sabem em que dia os médicos se encontram na unidade e o expediente começa na segunda-feira e só vai até o meio dia da sexta-feira. Segundo Cláudio Acácio, administrador da unidade, a unidade de saúde das Rocas faz parte do PSF, que tem um funcionamento diferenciado de outras unidades. Nesse sistema, os bairros são divididos por setores, assim, o médico do PSF se responsabiliza por atender pacientes do setor pelo qual é responsável. “Com relação à falta de médico, o problema já foi solucionado em parte, pois a secretaria encaminhou uma médica para a unidade que assume as funções a partir de agosto. Quanto ao horário da sexta-feira, é uma normatização do PSF destacar um período da semana para que as equipes façam avaliação dos trabalhos realizados durante a semana.

Com relação às fichas de atendimento, o problema é que a demanda é muito maior do que a oferta”, disse. Neuma Lúcia, coordenadora do PSF, explicou que a falta de médicos para atender o programa se deve à exigência de dedicação exclusiva, ou seja, o médico deve prestar 40 horas  ao PSF. “Já realizamos concursos, onde o salário mais as gratificações chegam a R$ 4 mil, mas não conseguimos suprir a demanda”, explicou.

Secretária minimiza problemas

Mesmo com todos os problemas relatados pelos pacientes que frequentam os postos de saúde da Secretaria Municipal de Saúde, a gestora tenta minimizar a questão. Ela disse que só há falta de apenas um medicamento. “Temos uma lista de 76 medicamentos que devemos ter nas farmácias, só está faltando um e isso mesmo devido àquela greve da ANVISA. É simplista olhar só para um medicamento e não ver os outros 75”, tentou argumentar Aparecida França.

Sobre a falta de médicos, ela disse que “nenhuma unidade fica sem médico. O que pode acontecer é de alguma especialidade estar descoberta no plantão”.

A secretária reconheceu a dificuldade em contratar médicos e creditou à baixa remuneração salarial desses profissionais. A secretária adjunta de Saúde, Marisa Sandra, disse que desde o início da atual gestão foram abertos seis processos seletivos e um concurso público.

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