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Valsa popular do Agosto

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Sílvio Santiago – especial para o Viver

A valsa, como tradução da festa popular, dá o compasso de estreia do evento Agosto da Alegria, promovido pelo Governo do RN através da Secretaria Extraordinária de Cultura/Fundação José Augusto. Estreia dia 1º e fica em cartaz até 5 de agosto em Mossoró o espetáculo musical “Hoje É Dia de Valsa”. Escrita e dirigida por Carlos Leonardo de Paula, a produção conta com a participação de cerca de 1200 estudantes rede estadual de ensino, os quais integram o programa Mais Educação, do Governo Federal. As crianças e adolescentes, além de atuar, cantam, dançam e tocam os 30 instrumentos, que vão de violino a percussão, sob a regência de Cléber Dimarzio.
Brincantes desfilam no cortejo do espetáculo Hoje é Dia de Valsa, que começa nesta sexta em Mossoró
Promovido e realizado pela 12ª Diretoria Regional de Educação, Cultura e Desportes (DIRED), o evento começa às 18h com um cortejo partindo da Estação das Artes Elizeu Ventania, no centro de Mossoró, percorre todo o Corredor Cultural com fanfarras e chega à Arena Zé de Ana, onde a encenação ocorrerá a partir das 19h. É nesse espaço onde, no período junino, acontecem as apresentações das quadrilhas, que fazem parte de uma das muitas festas populares realizadas na cidade durante todo o ano e que são reverenciadas no espetáculo – outras são, por exemplo, o Carnaval, em fevereiro, com suas marchinhas, maracatus e blocos; o Cortejo da Liberdade, em setembro, com seus sambas de rosa, maculelês e capoeiras; e a Festa de Santa Luzia, em dezembro, maior evento religioso da cidade com suas quermesses, lapinhas e pastoris.

Com direção artística de Joãozinho Escóssia, “Hoje É Dia de Valsa” é ambientada na Mossoró dos anos 1940, quando na cidade que se orgulha de ter sido a primeira no Brasil a libertar todos os seus escravos, em 1883, as festas públicas e privadas eram chamadas de “valsas”. Nelas, não se tocava necessariamente apenas o gênero musical surgido na Áustria oitocentista e que tem em “Danúbio Azul”, de Johann Strauss, seu maior clássico. Também se tocava – e se dançava – a música das elites europeias que chegou ao país através da Família Real, em 1808, mas o que embalava mesmo os festeiros mossorenses da época era, entre outros, o forró, o baião, o xote e o xaxado. (Existe uma lenda que diz que foi dançando xaxado que Lampião e seus cangaceiros entraram em Mossoró, em junho de 1927, quando foram prontamente expulsos da cidade sob uma “chuva de bala”.)

Única profissional que atua na montagem, a atriz Joriana Pontes vive Dona Joana dos Paredões, personagem real que promovia uma das valsas mais prestigiadas de então. Outro personagem retratado no espetáculo que faz parte da cultura popular de Mossoró é João Batista de Amorim, mais conhecido por Duíte. Até 1986, ele saía pelas ruas durante a folia de momo acompanhado por seus 41 filhos nascidos de suas duas mulheres – “uma matriz e outra filial”, como sempre esclarecia – numa das mais tradicionais agremiações carnavalescas da cidade, o Homem do Chocalho, criado por ele aos 15 anos na década de 1930.

Essas e muitas outras histórias são revividas – às vezes com grande humor – através das conversas entre as personagens, que são vizinhas. Esses diálogos, saudosistas até, são permeados durante o espetáculo com as mais genuínas tradições folclóricas de Mossoró, do Rio Grande do Norte e do Nordeste. A tradição artística nordestina também está presente no figurino, assinado pelo diretor e pelos estilistas Paulo Pedrosa, Rodrigo Delfino e Jonas Dantas, e no cenário, nos quais é usada a xilogravura.

Durante toda a apresentação de “Hoje É Dia de Valsa”, as riquezas histórica, humana, artística e cultural de Mossoró  serão revividas através de sua juventude, garantindo, assim, sua perpetuação às gerações futuras.

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