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Valsando entre Oriano e Isadora

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Ramon Ribeiro
Repórter
A aproximação da jovem pianista Isadora Rezende com a obra do célebre Oriano de Almeida (1921-2004) começou quando ela tinha 10 anos de idade, por intermédio do professor Guilherme Rodrigues. Hoje com 14, ela passeia com desenvoltura por sua música. Quem quiser conferir tamanho talento terá os dias 18 e 19 de dezembro, quando a pianista apresenta o recital “Isadora & Oriano”, na Escola de Música da UFRN. A apresentação é gratuita. Na ocasião também será lançado o documentário “Quando as Nuvens Eram Nossas”, de Carito Cavalcanti.
Para o concerto “Isadora & Oriano” a pianista conversou com pesquisadores e teve contato com acervo sobre o notável musisista: “Oriano é um grande símbolo do piano aqui em Natal. Quanto mais aprendia sobre sua história, mas vontade de ter conhecido ele pessoalmente eu tinha”
Para o concerto “Isadora & Oriano” a pianista conversou com pesquisadores e teve contato com acervo sobre o notável musisista: “Oriano é um grande símbolo do piano aqui em Natal. Quanto mais aprendia sobre sua história, mas vontade de ter conhecido ele pessoalmente eu tinha”
Trata-se de um inédito encontro de gerações do piano potiguar no palco. “Oriano é um grande símbolo do piano aqui em Natal. Quanto mais aprendia sobre sua história, mas vontade de ter conhecido ele pessoalmente eu tinha”, conta Isadora à TRIBUNA DO NORTE. “O que mais me chama a atenção nele é o jeito poético que ele levava a vida. Tem também o fato de ter se apresentado em grandes palcos, algo que é um sonho que eu tenho também como pianista”.
Mãe de Isadora e produtora do recital, Fernanda Ferreira explica que o programa que a filha vai interpretar é composto de músicas que fizeram parte da trajetória de Oriano. Tem peças de Mozart, Chopin, Debussy, dos brasileiros Camargo Guarnieri e Villa-lobos, e do próprio Oriano: “Quando as nuvens eram nossas”, “Valsa de Paris” e o prelúdio “Natal”, uma homenagem a cidade em que chegou com seis anos de idade, vindo de Belém. “É um programa inspirado na forma como ele organizava seus recitais, com os compositores que ele costumava tocar”, diz Fernanda.
A pianista durante ensaio na Escola de Música.
A pianista durante ensaio na Escola de Música.
Sobre as três peças de Oriano, as preferidas de Isadora, a própria pianista comenta. “Suas obras são intensas, não tem partes muito paradas. E a maneira como ele se expressa é muito bonita. Acho que para o público potiguar, poder ouvir um compositor potiguar como o Oriano é emocionante”, comenta a pianista.
Isadora também fala das características de cada uma dessas peças do compositor potiguar. “É um compositor muito romântico, no sentido de colocar em suas peças seu amor e seu afeto. Nos seus ‘prelúdios potiguares’ [na qual se encontra ‘Natal’] ele fala de diversos locais do estado. E o que não é isso, são retratos da vida dele, como em ‘Quando as nuvens eram nossas’, uma música muito romântica, carinhosa, dedicada a esposa dele (Iris Bianchi), quando se conheceram em Paris. E na valsa, você consegue imaginar Paris de cima, como se estivesse num avião sobre a cidade”, conta. “Além de conhecer sobre a vida dele, ouvir suas músicas, tocar é uma intensidade boa. Me sinto muito bem quando o interpreto”.
A jovem pianista também conta algo curioso. Ela relata que o ano de 2019 tem sido especial pois amadureceu bastante musicalmente. E em algum momento, a aproximação da obra de Oriano fez toda a diferença. “Eu estava praticando a “Valsa de Paris” quando repentinamente tudo fez sentido. Movimentos, sonoridades, técnicas, ensinamentos passados por vários professores ao longo dos meus sete anos de piano, tudo se revelou de uma maneira mais clara”, diz Isadora. A mãe, presente no momento do estalo musical da filha, reforça a história. “Foi como se Oriano tivesse soprado algo no ouvido dela”.
O Recital Isadora & Oriano partiu do trabalho de pesquisa no acervo do próprio músico. O acervo está atualmente guardado na Escola de Música da UFRN, onde está sendo organizado e catalogado
O Recital Isadora & Oriano partiu do trabalho de pesquisa no acervo do próprio músico. O acervo está atualmente guardado na Escola de Música da UFRN, onde está sendo organizado e catalogado
Outra dado importante para a realização do Recital Isadora & Oriano, é o trabalho de pesquisa no acervo do próprio músico. O acervo está atualmente guardado na Escola de Música da UFRN, onde está sendo organizado e catalogado. São fotos, manuscritos, partituras, cartas, cartaz de shows nos Estados Unidos, diplomas, como o que ele recebeu por ter sido finalista num dos mais difíceis concursos sobre Chopin no mundo. “Ele foi um dos três únicos brasileiros em toda a história do concurso que chegaram a final”, informa Fernanda. “É um material importante. A vivência no acervo nos fez conhecer a figura humana que é, não apenas o ícone do piano que é conhecido. Temos expectativa agora de fazer um trabalho bacana em cima desse acervo. Em 2021 será 100 anos de nascimento. Queremos da continuação à memória dele”.
O Recital Isadora & Oriano partiu do trabalho de pesquisa no acervo do próprio músico. O acervo está atualmente guardado na Escola de Música da UFRN, onde está sendo organizado e catalogado
Oriano de Almeida (1921-2004) nasceu em Belém mas veio para Natal ainda criança, em 1930. Ao chegar na cidade começa a estudar piano com seu tio, o maestro Waldemar de Almeida, demostrando desde cedo destreza no toque do instrumento. Foi um pianista que ficou conhecido em todo o Brasil e que tocou em alguns dos maiores palcos do mundo. Chegou a ser considerado um dos maiores intérpretes de Chopin de sua geração, tendo inclusive ganhado em 1958 o prêmio máximo do famoso programa “O céu é o limite”, da TV Tupi, respondendo perguntas sobre o mestre do piano mundial. Oriano também é doutor honoris causa pela UFRN e integrante da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras.

Documentário
Dirigido por Carito Cavalcanti, “Quando As Nuvens Eram Nossas” é um documentário de 25 minutos que traz recortes da vida e obra de Oriano de Almeida, através de depoimentos de pessoas relacionadas a ele, como o historiador Claudio Galvão que escreveu um livro sobre Oriano intitulado “O Céu Era o Limite”. Há também depoimentos de Diógenes da Cunha Lima (advogado, poeta e presidente da Academia Norte Rio-Grandense de Letras), Marluze Romano (pianista e aluna de Oriano), Luiza Maria Dantas (pianista e aluna de Oriano), Danilo Guanais (músico, compositor e professor da EMUFRN), Guilherme Rodrigues (pianista e professor da EMUFRN), além da participação especial de Isadora Rezende, que conduz as entrevistas.
“Sempre ouvi muito sobre Oriano de Almeida quando fiz canto clássico, mas ao fazer esse documentário, descobri que praticamente não sabia nada sobre ele”, conta Carito, que a medida que avançava com as pesquisas e gravações, se fascinava pelo músico. A sensação que tinha, foi a que ele tentou passar ao construir a narrativa do documentário. “Não cheguei com a pesquisa pronta para fazer o filme. Me contive muito para poder descobrir a história dele junto com a câmera. E isso foi acontecendo naturalmente pra mim. Essa descoberta é a sensação que eu quis passar para o público. E achei que uma forma de fazer isso era com a Isadora conduzindo as entrevistas”.
O Projeto Isadora Rezende, que engloba o recital e o documentário, conta com o patrocínio do Programa Djalma Maranhão, da Prefeitura do Natal, e do CEI Romualdo Galvão. Na direção musical do Recital, está o pianista Guilherme Rodrigues, e a direção artística é assinada por João Marcelino. 
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