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Vamos de mulata

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De repente me deu saudades dos carnavais nos anos 50, 60, vendo os Bacurinhas, o Jardim de Infância, os Kar-fajestes desfilando pelas ruas da Cidade Alta e “assaltando” as casas amigas de Petrópolis e Tirol (ou o bar do Grande Hotel, cujo anfitrião era o próprio majó Theodorico, bebida farta) para depois se encontrarem nos bailes do Aero Clube, do América e do ABC. Podia também incluir na programação uma fugida pelas vesperais do Brasil Clube ou da Assen, uma descida à Ribeira, sobradões da Rua Chile. Pelo corso da Avenida Deodoro podia-se ver (ou seria vislumbrar?) as meninas de Maria Boa (ela própria) num conversível do ano. Olhares pidões. Odaliscas e piratas da perna de pau.

Faz tempo que o cenário é outro e que a minha animação se restringe hoje o que a tevê mostra ou ouvir sambas e marchinhas reunidos em cedês. Aqui e acolá o radinho de pilha mostra alguma coisa que presta intercalando essa discussão o que é ou não racismo na música, solfejado pela idiotice do “politicamente correto”. A propósito, o mote voltou ontem às capas dos jornais, com o Estadão publicando uma entrevista com a cantora Preta Gil, que comanda um dos blocos de rua mais famosos do Rio de Janeiro e Salvador. A manchete expressa bem o pensamento da cantora: “Acho bobagem, não vou aderir a esse boicote”.

Perguntado pela repórter Marilia Neustein, “O que acha das discussões sobre as marchinhas de carnaval consideradas homofóbicas, racistas e preconceituosas? ”, Preta Gil respondeu:

“Acho que esse cunho está na cabeça das pessoas. Fui criada a vida inteira cantando essas marchinhas e nunca me senti ofendida quando cantam “Mulata bossa nova / Caiu no Hully Gully / E só dá ela”. Temos que pensar que essas músicas foram escritas nos anos 50, 60, quando muito desses assuntos eram tabus. Carnaval tem a função de trazer à tona certos assuntos de maneira engraçada, lúdica. Isso é história. É importante que os jovens escutem essas músicas e saibam que existem outras maneiras de ser engraçado e ser divertido hoje em dia. Enfim, acho uma grande bobagem, não vou aderir a esse boicote. Vou cantar todas essas marchinhas como todos anos eu canto. Existem movimentos que são muito mais radicais, que no lugar de incluir e tornar a sociedade mais igualo estão conseguindo separar de novo as pessoas. Isso sou absolutamente contra”.

Preta Gil, preta, negra, mestiça, mulata, artista, cantora e agitadora cultural, filha de Gilberto Gil, negro, grande músico, baiano, um dos inventores da Tropicália, ex-ministro da Cultura.

Mulata, mulatinha
O mesmo mote abordado por Preta Gil também aparece na crônica de Nelson Mota, em O Globo, de ontem, com o título de “O carnaval das palavras”. Destaco dois trechos:

– “O teu cabelo não nega” é, antes de tudo, uma exaltação às mulheres mestiças, começando pelo título brincando com o cabelo crespo e o liso, gozando as que o alisavam a ferro quente para disfarçar a negritude. O autor gostava do cabelo crespo, é como se dissesse “não negue a raça, fique com seu cabelo como é, é dele que eu gosto”.

– Na época, eram os racistas que diziam que a cor da pele era “contagiosa”, mas o autor da marchinha nega, e mais, quer o amor da mulata! Quem quer o amor de quem despreza? É um alegre tributo à negritude e à mestiçagem de que é feia a nacionalidade. Eu um contexto histórico.

Sofrência  O governo do Estado está anunciando o início do pagamento dos salários de fevereiro. Começaria, ontem. Como vem acontecendo, derna do ano passado, mais uma vez o pagamento será fatiado, tipo pizza. Depende da marcha da arrecadação, dizem os porta-vozes oficiais ou semi.

A sofrência maior tem sido dos aposentados, principalmente aqueles que, por esquecimento (coisa da idade), deixaram de fazer o recadastramento no IPERN. Estão sem receber os salários, mesmo fatiados.  Fala-se numa folha extra… 

Aposentado sofre.

O queijo de Taipu
Uma notícia boa:  o “Journal of Dairy Science”, órgão oficial da Associação Americana de Ciência do Leite, das mais importantes publicações de pesquisas científicas dos Estados Unidos, acaba de publicar um artigo de autoria de uma pesquisadora norte-rio-grandense, Danielle Cavalcanti Sales, que fez Mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Produção Animal da UFRN, funcionando no Campus de Macaíba (Jundiaí).

A pesquisa de Danielle teve a orientação do professor Adriano Rangel, da UFRN (Laboratório de Qualidade de Leite), com a participação de outros professores da instituição, e também dos pesquisadores Alfredo Freitas (Embrapa Pecuária Sudeste) e Humberto Tonhati, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

A coleta dos dados pesquisados durou 9 meses e foi feita na indústria de laticínios Tapuio Agropecuária Ltda, do município de Touros que trabalha com leite de búfala usado na fabricação de queijos do tipo Mozzarella. É a primeira vez que um aluno da UFRN chega às páginas do Journal of Dairy Science (JDS).

De língua  A Assessoria de Imprensa da Assembleia Legislativa do Estado anuncia que a sua escola, a Escola da Assembleia, está oferecendo cursos de Inglês e Espanhol, gratuitos, para os servidores públicos. Não diz se tem Português no currículo.

Bem que está sendo precisado, fora e dentro. Quem sabe, chinês?

Do general
  Deu na coluna de Ancelmo Gois, de O Globo:

“Cantinho do Nelson Motta. Do querido coleguinha sobre a nomeação do general Humberto Buceta Martins como Comandante da Academia Militar de Portugal:

– E se uma descendente se casa com um Pinto? Ou com um Durão? Um Ferro? Um Espírito Santo? Um Rosa?
Com todo o respeito. ”

De chuva 
Apesar das chuvas que caíram em Natal – com direito a trovões na madrugada –  da noite de quinta para o amanhecer de ontem, não teve boletim da Emparn. Zero de informações.  As chuvas caíram também em municípios do Litoral, beirando o Agreste. As previsões são de que teremos mais chuvas durante o carnaval.

Amém

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