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Vamos malhar a mente

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Tadzio França
Repórter

O cérebro envelhece. Um embaçamento na memória,  uma dificuldade crescente em pensar com clareza, entre outros sinais, podem significar que algum tipo de doença neurodegenerativa está a caminho. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até 2050 cerca de 152 milhões de pessoas receberão o diagnóstico de demência.

Mesmo que o desgaste faça parte de um processo natural, é possível prevenir as alterações prejudiciais através de hábitos mais saudáveis e até mesmo exercícios específicos que ajudam a manter a mente ativa e “em forma” para enfrentar as passagens do tempo. O cérebro é responsável pelas atividades cognitivas, memórias, movimento e socialização, portanto, seu bom funcionamento é essencial.
A falta de  uma atividade para o cérebro produz áreas “adormecidas” que reduzem a velocidade de resposta
Assim como os demais órgãos do corpo humano, o cérebro também se modifica com o tempo. “As queixas relativas à memória são mais frequentes na 3ª idade e podem afetar indivíduos saudáveis ou portadores de doenças que comprometem as funções cognitivas. A queixa em paciente sem sintomas prévios, assim como a persistência ou progressão, são motivos para averiguação médica”, afirma o neurologista Marcos Lima de Freitas (CRM 2396/ RQE 1236).

A falta de uma atividade cerebral produz áreas “adormecidas” que reduzem a velocidade de resposta quando as funções dessas áreas são demandadas. Segundo Marcos Lima, isso pode ocorrer como um processo natural próprio do avançar da idade, chamado de “déficit cognitivo leve”, e ainda de outros fatores que podem agravar essas dificuldades.

“Qualquer situação que produza apatia e reduza a capacidade de concentração e atenção pode provocar lapsos de memória. Com frequência um transtorno emocional (depressão e/ou ansiedade) ou um distúrbio do sono que provoque privação de qualidade ou quantidade de sono, produzem alterações nas funções cognitivas”, explica. Nenhum novo remédio foi lançado para frear a perda cognitiva nos últimos 15 anos. A doença de Alzheimer, o tipo de demência mais comum, afeta hoje 35,6 milhões de pessoas — 1,2 milhão delas no Brasil.
Supera Ginástica foi criado para atender crianças, mas hoje a maioria dos alunos é mais adulta

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A demência é um dos declínios mais graves do funcionamento mental, um conjunto de sinais e sintomas que estão presentes em diversas doenças que afetam as funções cognitivas, podendo ocorrer com ou sem comprometimento da estrutura do cérebro. Marcos Lima ressalta que Dentre as demências com comprometimento estrutural a doença de Alzheimer é a mais comum, sendo a idade o principal fator de risco. Alguns quadros clínicos que aumentam o risco de doenças do coração e dos vasos sanguíneos (como pressão arterial alta, níveis altos de colesterol e diabetes) parecem elevar o risco de demência.

Prevenção

Manter a mente arejada e em forma são prevenções contra as doenças neurodegenerativas. “A prevenção pode ser feita através de hábitos saudáveis de vida, com uma boa alimentação, atividade física regular, exercícios cerebrais e uma boa qualidade do sono”, afirma o neurologista. Na alimentação, de forma geral, ele recomenda hábitos saudáveis e sem restrições radicais. Alimentos ricos em vitamina B12 são obrigatórios na dieta boa para a mente: ela atua no desenvolvimento e manutenção das funções do sistema nervoso. É a vitamina encontrada no salmão, truta e atum, fígado, carne de porco, leite e derivados, ovos e ostras.

Outra forma de fortalecer o cérebro é através de exercícios mentais. “A ciência identificou que esses exercícios produzem mudanças no metabolismo e na perfusão da área correspondente. As funções cognitivas, em especial a linguagem e a memória, devem ser exercitadas sempre”, ressalta Marcos Lima. Segundo ele, um simples diálogo com amigos estimula áreas que correspondem à compreensão da linguagem, a fluência verbal e os mais variados tipos de memória.

Pode-se afirmar que qualquer atividade poderá ser utilizada como forma de estímulo das funções cognitivas. “A leitura, as palavras cruzadas, a realização de cálculos, a execução de tarefas do cotidiano e especialmente a aprendizado de novas tarefas, como idiomas ou aprender a tocar um instrumento musical, são bastante úteis para manter o cérebro exercitado”, explica o neurologista.

Malhação cerebral

A neurociência já atestou a necessidade de pôr o cérebro para “malhar”, como forma de alongar sua saúde e também ajudar a ultrapassar barreiras pessoais. Através de exercícios estimulantes é possível melhorar habilidades como memória, concentração, raciocínio e criatividade. Mas na academia do cérebro, os exercícios e equipamentos são outros. Criado há 13 anos em São José dos Campos (SP), o Supera Ginástica para o Cérebro oferece um curso baseado em metodologia especialmente pensada para estimular a massa cinzenta. A academia virou franquia, existe há 11 anos em Natal, a acabou de inaugurar a segunda sede na cidade.
Médico Marcos Silva diz que há bons estímulos, como leitura e o aprendizado de novas tarefas

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As atividades na academia cerebral troca o halteres pelo ábaco, e a esteira por jogos de tabuleiro, individuais ou em grupo, além de um material didático exclusivo, vídeos motivacionais, e apostilas com atividades exclusivas. Os exercícios, chamados de neuróbicos (em vez de aeróbicos), visam fazer com que o cérebro saia de sua zona de conforto e cria novas conexões. Coisas simples, como escovar os dentes com a outra mão, andar de costas, mudar o relógio do pulso, fazer um novo trajeto para o trabalho, entre outros.

Os exercícios cerebrais podem ser aplicados a todas as faixas etárias, mas foi entre o público da terceira idade que ganhou o maior número de adeptos. “É nessa etapa da vida que as pessoas começam a sentir um abalo em faculdades como memória e  percepção das coisas. Elas se queixam que a memória não é mais a mesma, mas em geral só estão a usando do jeito errado”, afirma Vicente Lino, gestor pedagógico do Supera Natal.

O objetivo dos exercícios mentais é ensinar maneiras de usar o cérebro de forma diferente. Vicente Lino ressalta que a metodologia não tem caráter terapêutico, mas essencialmente pedagógico. “Não somos um tratamento para Alzheimer ou qualquer outro tipo de doença neurodegenerativa. O que a gente faz é baseado em princípios elaborados da neurociência”, afirma. Em sala de aula são realizados jogos simples, acessíveis a todos os grupos. Os exercícios devem ser incorporados  à rotina do aluno. O gestor ressalta que crianças, adultos e idosos recebem os mesmos exercícios, mas em velocidades e graus diferentes.  

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