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“Vamos perder apenas 7% dos voos e nenhum destino”

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Margareth Grilo
Editora de Natal

As obras de recuperação da pista principal do Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante, que começa dia 11 de setembro, com previsão de conclusão em 10 de outubro, terá um impacto mínimo nas operações aéreas do terminal aeroviário. Apenas 7% dos voos regulares deixarão de ser feitos nos 30 dias de suspensão temporária dos voos noturnos. A garantia foi dada pelo presidente do Consórcio Inframerica, Daniel Ketchibachian, em entrevista exclusiva à TRIBUNA DO NORTE na tarde da quarta-feira (31) – a primeira em que ele detalha a logística dos reparos e de operação do terminal. Daniel Ketchibachian anunciou que as companhias refizeram as malhas aéreas, reprogramando os voos da noite para o período da manhã e garantiu que o voo cargueiro semanal da Lufthansa será mantido. O que permitirá, segundo ele, a operacionalidade do aeroporto é a adequação da pista de taxiamento, para que opere nos parâmetros da pista principal. Os serviços nas duas pistas aguardam autorização da Agência Nacional de Aviação (ANAC).  “Não vamos perder nenhum destino, vamos fazer 93% dos voos. Nossa previsão é que não vamos perder nenhum passageiro”, afirmou. Das 38 operações do aeroporto, entre pousos e decolagens diárias, dez ocorrem entre às 20h e 04h10, horários nos quais o terminal ficará fechado . Daniel Ketchibachian confirmou que haverá um pedido, após encerramento das obras, de reequilíbrio financeiro. Confira a entrevista.
Em entrevista exclusiva à TN, Daniel Ketchibachian anunciou que a malha aérea foi refeita para garantir a operação de 93% dos voos durante obras
As obras de reparo na pista principal do Aeroporto estão programadas para inicia no dia 11 de setembro e seguir por 30 dias. Essa previsão está mantida?
Está mantida sim. Nós só aguardando algum tempo para fazer esse comunicado mais detalhado que estamos fazendo hoje (quarta-feira, 31) com vocês porque queríamos ter certeza da publicação das malhas aéreas das companhias. Então, o que vai acontecer é que nós  vamos fazer uma obra que vai demorar trinta dias, na verdade vai demorar menos, mas estamos prevendo trinta (dias) porque como as malhas vão ser refeitas, temos que ter uma margem de erro para não sustar a malha nacional. A obra vai durar entre 20 e 25 dias, mas o que será comunicado (a ANAC) são trinta (dias). Em qualquer outro aeroporto, e nós temos 53 aeroportos  no mundo, o procedimento tradicional é fechar o aeroporto, fazer a pista e abrir o aeroporto. Esse processo dura entre dois e três meses. Nós amanhã, por exemplo, estamos fechando o aeroporto de Tucamãn, no Norte da Argentina, por três meses para fazer a pista nova, e os pousos vão acontecer em cidades próximas a Tucumãn. Por que estou falando isso: para que se compreenda o esforço que estamos fazendo. Que vai fazer a Inframerica em Natal: Nós vamos investir na taxiway, pista que está do lado da pista principal e que é utilizada para as aeronaves taxiar até os gates e para circulação e que tem uma infraestrutura muito aceitável. Com um investimento adicional nós vamos colocar essa pista como pista principal, e assim conseguimos que o aeroporto não feche.

Mas ela terá condição de voos noturnos?
Não, não terão voos noturnos. Que vamos fazer: durante todo esse tempo – que não fizemos nenhum comunicado – estávamos trabalhando para ter toda a operação do aeroporto das seis da manhã até as seis da tarde. Muita gente fala: ah, então vamos perder todos os voos da noite. Não, não é assim. De jeito nenhum. O trabalho que fizemos com as aéreas foi que eles refizeram a malha aérea para trazer os voos da noite para diurnos. Então, nós não vamos perder nenhum destino e vamos fazer 93% dos voos. Então, vamos perder apenas 7% dos voos. Mas uma informação que é muito importante  para o turismo de Natal é que nossa previsão é que não vamos perder nenhum passageiro, porque como escolhemos um mês de temporada baixa, um mês onde as aeronaves tinham uma ocupação de 70%, aproximadamente, os passageiros vão poder utilizar esses voos para poder voar.  As únicas aeronaves que não podem pousar na pista taxiway são as de grande porte. Por isso é que a TAP (que faz a rota Natal/Lisboa) não vai poder operar. Então, o único destino que vamos perder, por um mês,  é o voo da TAP.

Já há alguma logística para atender a esses passageiros da TAP?
Então, a Azul o que fez: a TAP ao invés de pousar em Natal, vai pousar em Recife e a Azul já aumentou a malha Recife-Natal para que essa conectividade seja imediata. Então, o passageiro vai pousar em Recife e, imediatamente, vai pegar o voo Azul (TAP e Azul têm o mesmo dono). O importante é que esses passageiros, turistas, que já tinham passagem para Natal ou de Natal para a Europa, vão ser mantidos. A única diferença é que vai ter uma escala, que vai ser muito curta, porque vai estar toda combinada com a Azul, que repito, reforçou os voos Recife-Natal justamente para esta conexão. Então não vamos perder nenhum passageiro da TAP. Nenhum. Isso é uma coisa boa e, logo que terminemos a obra da pista, a TAP já informou que vai colocar um voo adicional. Hoje, temos três voos diretos por semana para a Europa, vamos ter quatro. Essa é uma informação muito importante, porque isso é turismo adicional, isso atrai turista em maior quantidade para a região.

O senhor está anunciando uma ampliação na pista auxiliar. Que serviços exatamente serão ou estão sendo feitos?
Ainda não foi feito, mas vai estar feito para setembro, logicamente. O que vamos fazer é uma obra para adequar essa pista à condição de pista principal. Ai tem pintura, tem reforços nas áreas laterais da pista, e uma série de outras condicionais para deixá-la com a mesma segurança que tem a pista principal. O importante é que essa obra já foi avalizada, aprovada pelas linhas aéreas, e já foi apresentada para a ANAC. Não é uma obra que ainda vamos apresentar, não é. O comunicado que estamos fazendo hoje já é com uma certeza de 100%. Isso é importantíssimo porque a segurança do aeroporto se mantém e já foi avalizada pelas linhas aéreas.

Quais são os próximos passos?
O primeiro passo é que a ANAC aprove a obra, que por uma questão de tempo da ANAC ainda não foi aprovado, mas os técnicos já nos avisaram que  está tudo correndo bem, e não só isso, que a ANAC já se comunicou com as Aéreas para falar que tudo está certo. Então, as malhas já estão prontas. O que estamos esperando é esse passo formal, de que a obra seja aprovada, ai sai Notam (documento de informação aeronáutica) e imediatamente já se publica as malhas. Mas falando com as áreas de planejamento das Aéreas, as malhas já estão aprovadas, já estão prontas. Quando eu falo em perder somente 7% (dos voos), de não perder passageiros, não é uma suposição nossa. Já é com as novas malhas que elas (as Aéreas) nos enviaram, mas ainda não foram publicadas, o que esperamos que aconteça na próxima semana.

A Inframerica já divulgou que os 3 km do asfalto da pista serão retirados e substituídos. O senhor pode detalhar essas intervenções?
É uma questão bastante técnica, não sou engenheiro para dar uma explicação mais aprofundada. Mas o que posso falar é que a patologia que nos encontramos na camada de asfalto, nos percebemos no decorrer do tempo de utilização. Uma pista que era para ser utilizada para 15, 20 anos, já no segundo ano trouxe problemas. Então, o que vamos fazer é o recapeamento de toda a extensão da pista, todo ela será refeita. Será uma pista para uso em 15, 20 anos, como deveria ser.

Quando exatamente a Inframerica identificou essa anomalia no leito na pista?
Nos fomos percebendo alguns deteriorações, fomos consertamos, mas no decorrer, do final do ano passado e início deste ano foi que identificamos que deveríamos refazer a pista. No começo, achávamos que com pequenos reparos poderia ser  contornado o problema, mas como essa situação se repetia, se repetia, verificamos que não tinha outra saída, tínhamos que refazer a pista. Grupos fizeram análises, nossas equipes técnicas, tanto a Inframerica como da Corporação América, fizeram visitas in loco para analisar o problema e tomar uma decisão acertada.

O senhor pode nos informar o valor dos investimentos nas duas pistas?
Ainda estamos montando esses orçamentos, então não tenho valor para passar aqui. Assim que tivermos os valores, com certeza, vamos estar informando. É um mérito da Inframerica colocar esse dinheiro e, é importante falar que é um dinheiro que não tem financiamento, que não estava previsto. O acionista vai colocar esse dinheiro diretamente do capital próprio.

Já está certo que a Inframerica vai pedir compensação financeira, emitindo um novo pedido de reequilíbrio financeiro?
Com certeza que sim. Hoje, nossa prioridade é a ampliação, estamos muito preocupados em fazer desse um processo bem feito, não afetar a malha do aeroporto, não afetar o turismo. Hoje, estamos preocupados com isso. Assim que terminar o processo, que passar esses trinta dias, em outubro, com certeza, vamos pedir um reequilíbrio porque não é uma obra que estava planejada no contrato de concessão. Nunca imaginávamos que íamos refazer uma pista com três anos de utilização.

Quanto ao prazo da obra, há risco de extrapolar os 30 dias?
 Como toda obra, sempre tem risco. Mas, logicamente, que fizemos muitos estudos, trabalhamos muito com as equipes para minimizar o máximo esses riscos. Os tempos informados de obra são entre 20 e 25 dias, então temos uma margem entre cinco e seis dias, que é uma margem suficiente e posso falar que o risco (de atraso) é quase nulo. Como as malhas vão ser refeitas, estamos garantindo que, no mês de outubro, as aeronaves vão poder pousar e decolar. Isso é muito importante e não podemos errar. Nas últimas obras que fizemos sempre concluímos dentro do prazo, como aqui em Brasília. E a equipe que vai trabalhar (em Natal) é a mesma, e tem muita experiência, então duvido que isso (um atraso) venha a acontecer.

Esse período noturno concentra cerca de 25% dos voos. Essa reestruturação da malha, garante a decolagem da maioria deles?
 Nós vamos perder 7% dos voos, como disse, porque as aéreas concordaram e conseguiram refazer suas malhas e trazer esses voos da noite para o dia. Se não tivéssemos isso, perderíamos sim 25% dos voos. Estamos também garantindo, pela conversa que tivemos com as Aéreas, que 7% a menos de oferta de voos não quer dizer que vamos perder 7% dos passageiros, porque esses passageiros vão ter ainda espaço nesses voos (diurnos) para continuar voando. Temos previsão de manter os 7%, acreditando também que esse é um ano que o aeroporto continua a crescer. Este ano, temos um crescimento de 7,4% no primeiro quadrimestre. É uma notícia muito positiva para o aeroporto para a região numa época de crise falar em crescimento. No aeroporto de Brasília estamos caindo, em Natal estamos crescendo. Então, isso reforça ainda mais nossa convicção de que o aeroporto de Natal está numa curva ascendente.

Quanto o aeroporto concentra em termos de voos nesse período de setembro/outubro?
Dependendo do ano entre 3,5 e 5%, então a média é 8%. Janeiro fevereiro e julho são meses que temos 30 a 40% de ocupação.

Em relação ao voo cargueiro da Lufthansa, a empresa já declarou que não tem condições de utilizar a pista taxiway. Haverá prejuízo nesse caso específico?
Em princípio, não vemos nenhuma mudança nos voos cargueiros. Nossas conversas com  Lufthansa são positivas. Eles não enxergam nenhuma necessidade de mudança na malha deles. Então, continuaríamos com os voos de carga. Não teria nenhum impacto.

O trade turístico tem divulgado que haverá perda de passageiros e negócios com o fechamento temporário da pista. O senhor garante a operacionalidade do aeroporto, sem prejuízos, então?
Eu acho que isso [as preocupações do Trade turístico] são bem razoáveis porque nós não tínhamos feito ainda um comunicado detalhado como estamos fazendo com vocês, porque não podíamos falar até que as linhas aéreas refizessem as malhas. Então, com a informação que estamos trazendo o trade turístico tem que ficar super satisfeito. A Inframerica está fazendo esse investimento adicional para manter esse fluxo turístico. Importante também que tivemos hoje (quarta) com o governador do Estado, Robinson Faria, aqui em Brasília, dando tranquilidade também para ele. A informação que estamos trazendo, hoje, de que não vamos perder nenhum passageiro é muito positiva.

Essa redefinição da malha com as Aéreas aconteceu quando?
Refazer uma malha aérea para um país é muito difícil porque envolve aproveitamento de aeronaves e de percursos, então estamos trabalhando isso nesses últimos dois, três meses. Escolhemos esse mês de setembro (para os serviços na pista), por ser um mês de fluxo baixo, nenhum feriado cai dentro desse planejamento, e a relação que temos com as Aéreas nos permitiu fazer um trabalho a quatro mãos com todas, e elas compreenderam o esforço que estamos fazendo e, por isso, elas também devolveram esse esforço com essa boa informação da manutenção dos voos.

De uma forma geral, há planejamento de melhorias e ampliações no aeroporto?
O que nós temos hoje é uma infraestrutura de nível internacional. O terminal é um dos melhores avaliados do país, e a pista está entre as melhores em termos de diâmetro, largura e extensão, e depois dessa obra, com certeza, vamos voltar a ter um nível de segurança que hoje temos, mas garantindo isso em longo prazo. Falando em novos investimentos tem a questão dos Correios, que enxergaram Natal como ‘aeroporto hub’ para a região, e essa é uma situação muito positiva. E estamos participando de feiras internacionais, tentando continuar trazendo novas frotas, assim como a da TAP.

A busca de novo sócio para o Aeroporto de Natal avançou?
Está em andamento. Nossa intenção como Corporação América é termos um parceiro para continuar investindo nos aeroportos. Nossa previsão é de longo prazo aqui no Brasil, nós continuamos participando dos leilões, continuamos investindo tanto em Natal, quanto em Brasília, e para isso é importante que nosso planejamento tenha um parceiro. Mas também não é uma situação que estamos assim super preocupados. Estamos em andamento, se aparece alguém que compreenda o negócio como nós compreendemos, e que tenha a mesma vocação que a gente tem de investimento de longo prazo, vamos fazer uma parceria, se não aparecer, continuaremos cuidando das operações como fazemos hoje.

Existe uma negociação em curso?
Sim, existe um processo aberto, e tem empresas interessadas, mas não posso abrir quais empresas. Não temos nenhuma pressão externa, uma data limite. Estamos conversando. E, isso, não muda nenhuma virgula no nosso planejamento.

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