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Vantagens compensam custo maior

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Nadjara Martins
Repórter

Embora os custos para instalação de um hub da TAM Linhas Aéreas sejam maior no Rio Grande do Norte, conforme apontou relatório da consultoria Oxford Economics, o gasto não deve tirar o Estado da disputa. Pelo contrário: de acordo com especialistas do setor de logística e transportes ouvidos pela TRIBUNA DO NORTE, as mudanças no Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante, são “pontuais” e envolvem a ampliação de capacidade já instalada no terminal. Um dos pontos, segundo apurado pela reportagem, seria a ampliação da área de alfândega do embarque e do parque de aeronaves.
Mudanças envolvem a ampliação da capacidade já instalada no terminal, que passaria a ter 42 posições de aeronaves –  22 a mais
A reportagem teve acesso a dados apresentados pela TAM ao Governo do Estado na primeira reunião sobre o hub, em maio, que dão um indício das adequações necessárias. Na apresentação, a companhia apresenta a necessidade de adequações em três aspectos: a ampliação da sala de embarque, das posições de aeronaves e da estrutura na área de alfândega do aeroporto de São Gonçalo do Amarante.

Por exemplo, com a ampliação o terminal passaria a ter 42 posições de aeronaves –  22 a mais que a capacidade atual. As adequações contemplariam fases de crescimento do hub da Latam: uma de 2024 e outra em 2038. Na segunda etapa, a companhia contaria com um terminal exclusivo, em formato de “H” e a capacidade de construção de uma nova pista.

Na apresentação, porém, a companhia não especificou o tamanho da área a ser ampliada. No relatório “Latam: estimulando o novo valor econômico” apresentado pela consultoria Oxford Economics, na última quinta-feira (17), a TAM também aponta que o custo de construção e instalação do hub no RN no primeiro ano de operações seria de U$$ 138 milhões (R$ 524,2 milhões). O relatório também não detalha as adequações. A consultoria Arup, também contratada pela TAM, analisa a infraestrutura dos aeroportos, mas o resultado não tem data para ser divulgado.

#SAIBAMAIS#Os estados que concorrem pelo investimento teriam custo menor: No Ceará, o custo de instalação seria de R$ 471,2 milhões, e em Pernambuco de R$ 338,2 milhões. Após a reunião da última quinta, a TAM pediu prazo de oito semanas para apresentar uma planilha orçamentária, onde devem detalhar os investimentos, a previsão de receita, despesas e lucro em cada possível sede.

Adequações
Para o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e especialista em logística Carlos Alberto Medeiros, as adequações do aeroporto potiguar existem, mas em menor escala do que estados vizinhos. “O nosso terminal é quase totalmente aprovado, o que precisa é expandir um padrão que já tem”, aponta. As adequações seriam custeadas pelo Consórcio Inframérica, que administra o aeroporto potiguar.

Na visão do especialista, embora o relatório da Oxford Economics tivesse foco no impacto financeiro do hub nas cidades, os dados sobre gastos com adequações estruturais seria uma projeção da própria TAM. “O Rio Grande do Norte precisa de algumas adequações, enquanto Recife precisa de um novo terminal”, apontou. Já Fortaleza, segundo ele, precisaria de adequações semelhantes às do RN, mas em maior escala.

“O fato de nosso terminal ser o mais caro, não implica que não seremos os escolhidos. O nosso terminal é o mais arrojado entre os três; é mais sofisticado que os demais. O fato de ele ter mais tecnologia pode resultar em adequações mais caras”, analisa Medeiros, citando a fachada de vidro e terminal de passageiros e a necessidade de pistas rolantes dentro do terminal como itens encarecedores do projeto.

Especialista diz que aerovias devem impactar na escolha
Os custos, porém, não devem anular os outros pontos positivos do ASGA, segundo o professor da UFRN, Rubens Ramos, especialista em engenharia de transportes. O mais importante seria a localização de Natal, que concentra duas aerovias do corredor que conectam a América Latina à Europa. As aerovias, assim como as rodovias, são as rotas estabelecidas para o tráfego de aeronaves no espaço aéreo.

De acordo com Ramos, as aerovias UN873 (Natal) e UN866 (Mossoró) já são bastante utilizadas pela aviação comercial: até 2013, 48% dos vôos para a Europa trafegavam por Natal, pois é o ponto mais próximo à Europa.  O professor fez um comparativo  da distância (ida e volta) de vôos em direção à Europa que partem de Natal, Recife e Fortaleza. Ele constatou que a distância percorrida para quem sai de Pernambuco é 4% maior, e do Ceará 2% maior do que a saída de Natal.

“Recife é o melhor lugar se fosse um hub doméstico, pois está numa posição central para o centro-sul, mas Natal ganha para fora, pela proximidade com Europa, África e Ásia. Já Fortaleza só ganha em proximidade com a América do Norte”, pontua. A TAM já afirmou que o foco é a conexão Europa e Mercosul, com pelo menos 13 vôos criados em três anos de operação.

“A instalação não considera apenas o custo, mas em quanto tempo eu gero lucro suficiente para pagar esse custo. Se houver um vôo diário para cada destino, a diferença entre Natal e Fortaleza é pago em dois anos, e do Recife em quatro anos (considerando os valores atuais do barril de petróleo). O custo de instalação é importante, mas o mais importante é em que lugar eu ganho mais dinheiro”, garante.

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