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“Veja”: um país por dentro

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Alcyr Veras – Economista

Não precisa ser especialista em economia. As pessoas de bom senso sabem que a confortável situação em que hoje se encontra a economia brasileira, teve origem há mais de 10 anos.  Só para dar um exemplo nesse sentido.  Se a camada  pré-sal, recentemente descoberta no litoral brasileiro, tiver sua viabilidade econômica comprovada o Brasil será, no período de 5 a 7 anos, um grande exportador de petróleo comparável aos países do golfo pérsico.  Medidas como a abertura da economia brasileira, no início da década de noventa, e a criação do Plano Real, entre outras, foram fatores decisivos e eficazes para a modernização da indústria nacional e para a erradicação do devastador processo hiper-inflacionário.

Vivemos um presente em um país repleto de positividades a começar pela elevação do padrão de bem-estar social, que tem pontuado na maioria dos segmentos da sociedade brasileira.  Esse clima de prosperidade econômica tem ajudado a expandir áreas potenciais de riquezas internas e tem atraído novos investidores externos.  É visível a ascensão social das classes mais pobres; o crescimento da renda e do consumo interno; e a indisfarçável redução da fome.  É certo, porém, que o Brasil ainda convive com graves e crônicos problemas de natureza social e econômica.

A Revista VEJA realizou, recentemente, um Seminário intitulado “O Brasil que queremos ser” abordando assuntos como Educação, Meio Ambiente, Economia, Imprensa, Democracia, Raça e Pobreza e Megas-cidades. Participaram dos debates líderes políticos e empresariais, ministros de estado, governadores, profissionais liberais, publicitários e acadêmicos. Ao final, foram apresentadas quarenta propostas.

O evento começou analisando a precária situação da educação básica referente ao ensino de matemática, em que o Brasil figura no 53º lugar ao lado do Quirguistão.  Apontou que nenhuma  universidade brasileira está entre as 100 melhores do mundo, e que entre as 500 patentes registradas no planeta apenas uma é brasileira.  Com relação ao aspecto pedagógico, sugere que seja criada a classe dos profissionais que ensinem os professores a ensinar.

Sobre o meio-ambiente, revela que a expansão da fronteira da pecuária e da soja derruba oito de cada dez árvores da Amazônia e que reflorestar custa o dobro do desmatamento.  Afirma que os órgãos públicos não sabem, ao certo, quais são as áreas aráveis e não aráveis da região amazônica, onde cerca de 10 milhões de moradores dependem do extrativismo e da agropecuária.  Para eles, discurso e consciência ecológica não funcionam.  Como alternativa de solução, propõe que se dê aos agricultores mil reais ano, por hectare, como estímulo para conter a devastação.

Quanto às fontes renováveis de energia, o Brasil precisará, nos próximos dez anos, de demanda equivalente a três usinas de Itaipu.  O custo da Previdência Social brasileira é um dos graves problemas do setor público.  Consome 12% do PIB e tem forte influência na formação da elevada carga tributária. Foram sugeridas medidas modernizadoras para os entraves causados pelo leniente estado burocrático brasileiro e pela caótica infra-estrutura. Com isso, o Brasil terá um crescimento anual no PIB de cerca de 250 bilhões de reais. O inchaço das grandes metrópoles é outro problema, cuja solução é de urgente interesse social.  Hoje, 12,3 milhões de pessoas vivem em casebres na periferia das cidades.  Só no Rio de Janeiro existem 752 favelas, das quais 300 são controladas pelo narcotráfico.  Dizem os especialistas que se nada for feito, em 2020 haverá 55 milhões de favelados no Brasil.

Faltaram, no meu entendimento, discussões importantíssimas envolvendo temas como a ética e a insidiosa prática da corrupção que tem sido objeto de grande freqüência na mídia brasileira e expõe vexatoriamente o país no cenário internacional.

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