Dr. João Mariano Sepúlveda – Cardiogeriatra
Lido diariamente com o tema envelhecer. O que é estar ou ser velho!? Recentemente, vivi, aos 52 anos, a intrigante experiência de me tornar avô; o que poderia significar uma real instalação do processo, ou uma cessação de sua importância perpetuatória da espécie. Enfim, inexoravelmente velho!?
Entendo melhor quando os pacientes me procuram com a fatídica queixa: acho que estou ficando velho!! Será?
Primeiro vamos tentar estabelecer o que é o velho!? No sentido de usado, cansado, decrépito, fora de moda…
Velho pode ser uma pessoa aos 52 que se torna avô ou um senhor de 92 que sofreu seu primeiro derrame, ou o galã de 38 que falhou pela primeira vez no ato sexual. Qual a ótica e o conceito a se levar em conta ao se considerar o que é velho?
Velhos são os monumentos existentes em todo o mundo, na Ásia, do Japão à China; na Europa, da Itália à França, com a plenitude de Roma e Paris, e todos tentam viajar até lá para conhecer as antigüidades que ali permaneceram lamentando que o tempo tenha destruído uma boa parte do que existia.
Velhas são as receitas, as técnicas de plantio, o modo de preparar a terra, os instrumentos, os ciclos de tempo com suas eternas quatro estações, que a barbárie humana tenta ecologicamente alterar.
Velhas são as tradições que cultuam uma nação dando a ela referências e ligações com seus ancestrais, mais velhos ainda, que já se foram mas deixam traços indeléveis, como um norte a seguir, mas que embora velhos, seguros.
Velhos são sentimentos como inveja, preconceito, intolerância, indiferença, os quais secularmente tentamos equilibrar praticando a tolerância, a compreensão, a fé e o amor de forma a positivar o espiral que leva a ascendência.
Velha é a luta do bem contra o mal, ferrenho confronto de ambíguos e antagônicos sentimentos. A precisão do mais pobre, e o desperdício dos mais abastados.
Velha é a senhora soturna chamada violência, exercida individualmente contra cada um de nós, ou coletivamente no flagelo antigo chamado guerra, onde povos violam povos em nome de um dos mais velhos objetivos humanos: o poder.
Velhas são as pragas e as doenças que assolam os locais mais pobres, atingindo os mais necessitados, não deixando que estes sofram desta dádiva que é envelhecer.
Velhos também são os filmes, os livros e as músicas assim que nos cientificamos deles! Também objetos, móveis, carros entre outros, que colecionamos.
Velhos são dilemas de estar jovem ou estar velho, como nos velhos existenciais livros de Sartre ou ainda Kafka em sua rudeza emocional, ou mais o shakesperiano ser ou não ser, o que alternaria para estar ou não estar velho, pois, um minuto após o término desta leitura, estaremos todos os vivos, mais velhos!
Velhas são senhoras que já viveram tanto que riram e choraram, sofreram, sabendo do poder curativo do tempo nas feridas e que podem servir de lume a nós que tememos estar velhos.
Velhos são senhores que serviram de suporte a várias gerações, esteando o desenvolvimento de pessoas, famílias, bairros, cidades, formando nações sem sentir que envelheciam.
Velhas são as tardes que quando transformadas em noites trazem o temor do escurecer, nos hipnotizando, embaçando a manhã vindoura com o alvorecer obrigatório. Tudo aqui depende do sentido que você dá à sua caminhada. Se você anda sempre no sentido e no ritmo do alvorecer, seu sol dificilmente vai se pôr! Faça como as plantas, dirija-se sempre em direção à luz! Caso contrário, a velha noite te abraça, prejudicando seu crescimento!
Velho é o Papai-Noel, e toda criança, e até alguns adultos, acreditam nele!
Velho é este mundão de meu Deus, mas ninguém quer se afastar dele!
Portanto, vamos combinar, nem o senhor de 92, que sofreu o “derrame”, nem o mais jovem que falhou no ato sexual, e muito menos eu que me tornei avô estamos assim tão velhos. Todos temos tempo, desde que consigamos nos livrar de estigmas que podem, e nos tornam sempre mais velhos do que realmente somos. Pode até parecer defesa de causa própria, mas com certeza é um modo bem mais leve de ver o que é inevitável, enquanto dura, pois uma hora, essa dádiva cessa. Te absorvo Luiz!
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Notícia comentada: Formidável a gestação levada a termo em uma senhora de quase 80 anos, pós inseminação artificial.
Entraram em jogo a fé da pretendente, que era considerada inferior em sua seita, por não poder gestar, com a sua persistência de recuperar sua dignidade diminuída, a sorte que preservou seus órgãos necessários ao tratamento proposto, e a evolução desta matéria, que tornou possível tornar uma anciã na mais antiga pessoa a dar a luz em nosso planeta. Velha ela? Velhos tabus!
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Parágrafo do leitor: O que é narcolepsia?
Doença na qual o paciente tem um incontrolável impulso para dormir, dormindo em qualquer momento ou condição, colocando em risco o portador de tal patologia, quando este encontra-se em situações que exigem concentração, como dirigir, estudar, ou realizar movimentos finos, como operar máquinas, ou realizar trabalhos de detalhes manuais, tratada entre nós, até agora, com medicamentos para hiper-reatividade, metilfenidato, se beneficia do lançamento da substância modafenil, que eleva os níveis de hipocretina, substância que encontra-se reduzida nos narcolépticos. Nos Estados Unidos é utilizada pela NASA para manter o nível de alerta pleno em pilotos e astronautas. Vale conferir!
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Estatuto do idoso: “observar o Título II, Cap VI e VII, Arts 26 a 32, todo idoso tem direito a profissionalização e obtenção de cargos de trabalho, onde empresas devem reservar cotas para tais pessoas. Não podendo haver discriminação nem restrição devido à idade! Inclusive em concursos. Todo idoso tem direito a acesso a previdência social, desde que tenham realizado contribuições prévias compatíveis.
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Um bom e tradicional Natal em família, um Ano Novo com aqueles velhos projetos realizados e um Bom Domingo!
