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Venda de ‘cadeirinhas’ desacelera

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Renata Moura – Repórter de economia

Em setembro, uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) tornou obrigatório no Brasil o uso de cadeirinhas infantis nos veículos e provocou um boom nas vendas do produto. Em Natal, o setor pegou carona na onda, aumentou o faturamento e chegou a ter o estoque de alguns modelos zerado. Agora, dois meses depois de a exigência ter entrado em vigor, o cenário nas lojas nem de longe lembra a fase de ouro.

As vendas continuam ocorrendo, mas desaceleradas o que contraria as expectativas dos lojistas. “Não diria que os produtos encalharam, mas que não estão saindo mais como antes”, diz a  empresária Cláudia Leite Cirne, dona da Iskisita Baby.

Ela conta que o que a loja  vendia em um mês, há um ano, passou a vender em uma hora quando a resolução do Contran começou a render multa aos motoristas infratores. A procura era tanta que havia até lista de espera. “Em uma semana, chegávamos a vender 150 unidades. Hoje, esse número não passa de 15”.

Na San Remo Baby, que também atua no segmento, a demanda começou a esfriar há pelo menos duas semanas, de acordo com a gerente Luciana Lima. “O consumidor chegava na loja querendo comprar com urgência, temendo ser multado se não tivesse o equipamento no carro. Agora, ele olha, pesquisa…”.

A resolução do Contran estabelece que para transitar em veículos , os menores de dez anos deverão ser transportados nos bancos traseiros usando individualmente cinto de segurança ou sistema de retenção equivalente. De zero até um ano, a criança deve ser transportada nos bebês-conforto. Entre um e 4 anos, ela deve passar a usar a cadeirinha e dos 4 aos 7 anos e meio deve ser acomodada em assentos elevatórios.

No mercado, os assentos custam a partir de R$ 99. os demais equipamentos variam de R$ 180 a R$ 500, de acordo com a marca, o modelo e a faixa etária para a qual estão destinados.

Lojistas do setor apontam que o custo é uma, mas não a principal razão para inibir o uso do produto. “Não está havendo fiscalização, nem campanhas educativas e isso faz com que os pais relaxem e com que as crianças continuem soltas”, diz Cláudia.

Entre os consumidores, há quem pense parecido. A comerciante Fernanda Daniele Oliveira Rocha da Nóbrega, que tem pesquisado nos últimos dias os preços dos assentos elevatórios para a filha Letícia, de 3 anos, diz  que a sensação de falta de fiscalização pode estar contribuindo para que alguns pais deixem de adquirir o produto. “Não acho que o preço seja um inibidor. Os valores têm sido, inclusive, reduzidos. Em setembro, por exemplo, cheguei a encontrar o assento elevatório por até R$ 300. Hoje ele chega a custar a metade”, diz, frisando que, enquanto não compra o assento, transporta a filha na cadeirinha.

A jornalista Maria Betânia Monteiro, que ficou dois meses na lista de espera de uma loja em Natal para comprar o assento elevatório para a filha Bruna, de 7 anos,  também não enxerga o preço dos produtos como barreira. “Acho que a falta de segurança em outros tipos de meio de transporte e a falta de fiscalização contribuem para que a procura por parte dos pais seja cada vez menor”, opina. Bruna, diz a mãe, já usou bebê conforto e cadeirinha. “A segurança da criança é muito importante”, frisa.

Órgãos de trânsito dizem que há fiscalização

Os órgãos responsáveis pela fiscalização do trânsito no Rio Grande do Norte não têm estatísticas sobre quantas multas foram aplicadas ou flagrantes foram feitos no estado por transporte de crianças sem os dispositivos de segurança obrigatórios, mas afirmam que já começaram a autuar os motoristas infratores. Quem descumprir a regra pode ser multado em até R$ 191,54, perder sete pontos na Carteira de Habilitação e ter o veículo retido, até que regularize a situação, explica o chefe de Comunicação Social da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Roberto Cabral.

De acordo com ele, a fiscalização começou em setembro, quando a resolução do Contran passou a valer na prática. “As pessoas têm se prevenido, se mostrado conscientes, mas há casos em que não usam os equipamentos e correm riscos (como aconteceu no fim de semana passada, quando dois bebês, que não  estavam acomodados nas cadeirinhas, morreram vítimas de um acidente de trânsito em Mossoró)”, diz.

No caso das rodovias federais, em que o risco de acidentes é maior, ele afirma que não tem havido tolerância com os infratores. “A resolução foi publicada em 2008. Houve dois anos para que as adequações fossem feitas”, ressalta. Como houve, porém, falta dos produtos no mercado em alguns períodos, o Detran adotou um grau de tolerância maior. “Orientamos os agentes a terem bom senso, mas, como o mercado já está abastecido, a orientação é que a fiscalização seja intensificada, principalmente a partir de dezembro, quando terá início a Operação Verão”, diz o coordenador de Educação e Fiscalização do trânsito, do órgão, Ferdinando Moura Tavares. “Mas, os motoristas devem ficar atentos, porque quem descumprir a regra já está cometendo uma infração gravíssima”.

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