quinta-feira, 25 de abril, 2024
26.1 C
Natal
quinta-feira, 25 de abril, 2024

Véscio Lisboa: Um ativista da paz

- Publicidade -

CULTURA - Véscio Lisboa dirige este ano o Auto de Natal, com

Véscio Lisboa, 58 anos, é uma metamorfose ambulante. Foi assim, pelo menos, que o diretor teatral explicou os motivos que o levaram a voltar atrás e aceitar o convite da Prefeitura para dirigir, este ano, o Auto do Natal. Mas Véscio vem trabalhando desde abril, mergulhado na pesquisas do “O Menino da Paz”, texto assinado pelo poeta Paulo de Tarso Correia de Melo, que adapta para o espetáculo. O evento começa amanhã e segue até domingo no estádio Machadão, às 20h (sexta-feira e sábado) e às 19h (domingo).

Arte-educador, Lisboa vai levar para o palco a visão que emprega há 15 anos nos projetos sociais desenvolvidos no interior potiguar. Entre os atores estarão artistas profissionais, amadores, ASGs, crianças portadoras de necessidades especiais — algumas com paralisia cerebral, câncer e surdez. Indagado se essa seria a grande marca do Auto deste ano, ele diz que é apenas uma delas. “Acho que a principal marca é fazer contemporâneo um Auto popular”, afirma.

O VIVER conversou com o diretor Véscio Lisboa ontem pela manhã. Com a palavra, o próprio:

Como você analisa, hoje, a concepção dos autos natalinos?
Véscio Lisboa:
Acho que é uma coisa que faz parte da arte contemporânea. Os grandes autos têm essa dimensão, uma relação direta com a atualidade. É um auto popular na era do shopping

Auto e shopping. Tem um quê de marketing nessa proposta?
Acho que tem um quê de arte contemporânea.

Você não é católico. Isso dificulta alguma coisa?
Olha, nunca tinha passado pela minha cabeça fazer um trabalho desse. Não era um coisa que eu curtia, por isso não aceitei de início. Mas aí vi as edições anteriores e me apaixonei pela idéia.

O que mudou, então?  
É que não fazia parte dos meus planos, mas é a história da metamorfose ambulante e essa idéia se abriu.  

 

O texto do poeta Paulo de Tarso Correia de Melo teve um papel importante?
Não. Foi mais pelo desafio. Não tem a ver com o texto porque quando recebi o convite não tive contato com o Paulo. Moro numa praia, numa comunidade de pescadores chamada Diogo Lopes, em Macau, onde trabalho há 15 anos. Fui para lá para pensar e a idéia me contagiou.

É a primeira vez que trabalha num espetáculo de massa?
É. Espetáculo assim, grande, de massa é a primeira vez. Tendo trabalhado com muita gente em espetáculos, mas dentro de outras proporções. Quando voltei para casa, em 15 dias já estava mergulhado.

Como foi a parceria com Paulo de Tarso Correia de Melo?
Foi fantástica. Paulo de Tarso é um poeta da academia que elabora a palavra artesanalmente, ele manufatura a palavra. E esse texto é muito elaborado.  “O Menino da Paz” é um poema do qual fazem parte outros poemas publicados em livros dele. Paulo é um mestre… o texto é todo poético, não houve cortes nem senti dificuldade para adaptá-lo. E o trabalho foi todo completado com a criação musical de Carlos Zens, um trabalho em equipe.

Como o artista Véscio Lisboa se define?
Sou um artista comprometido com o momento atual e em conseqüência disso procuro estar antenado com o compromisso social. Dentro dessa visão, vamos levar ao palco crianças com paralisia cerebral, surdas, crianças da Casa de Apoio Contra o Câncer, adolescentes do CDUC…

A idéia de inserir essas pessoas no espetáculo, então, foi sua…  
Isso. Iniciei a pesquisa e vi que era a tendência natural do trabalho que venho desenvolvendo no interior. Consultei a produção do espetáculo e pedi que a abordagem fosse nesse sentido.

Você considera essa inclusão social a marca do Auto 2007?
Não só. A gente procurou fazer, além disso, um espetáculo contemporâneo. A marca é um Auto de Natal popular, contemporâneo com essa visão e fazendo uso da multimídia

Fale um pouco desse trabalho social que você desenvolve no interior do RN. 
É uma Ong criada para desenvolver atividade de cultura e meio ambiente com essa visão de compromisso da arte com o social. A partir daí desenvolvemos uma série de projetos em todo o Vale do Assu, que vai de Itajá a Galinhos. Fomos às escolas públicas falar com os professores, fizemos oficinas em todas essas cidades. Através da lei Câmara Cascudo e apoio da Petrobras criamos o Rancho Cultural, que hoje tem teatro, cozinha, restaurante. É um projeto que já tem dois anos e é auto-sustentável, onde trabalham 300 pessoas de forma direta e 600, indiretamente. Produzimos artesanato e várias outras coisas, e vendemos.

Você teve uma experiência espiritual durante uma fase da sua carreira. Como foi?
Estive em 1983 nos EUA, onde conheci o mestre iluminado Osho. Foi uma experiência fantástica, interior, quando recebi o nome de Subahdro. Houve grandes transformações na minha vida voltada para o interior, fui para essa região.

Essa experiência se reflete de alguma forma no Auto?
O Auto reflete minha preocupação artística voltada para uma provocação, questionamento, contemplação. O Auto, como toda minha criação artística, também tem essa marca: provocar. 

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas