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Viagens internacionais crescem 41%

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Renata Moura
Enviada à Lisboa

Após quase 10 dias em um roteiro por Luxemburgo, Bruxelas e Amsterdã – e última parada quinta-feira (16), em Lisboa – a servidora pública Syntia Barros, 36, e o administrador Luiz Vizeu, 38, planejam a próxima viagem: Em setembro, vão levar a filha à Disney e visitar familiares em Ohio, nos Estados Unidos. Eles também “sonham com Londres”.

Entre 1º de janeiro e 08 de março, 3.171 brasileiros embarcaram para outros países a partir do Rio Grande do Norte. Só no primeiro bimestre foram 2.909 viajantes – um aumento de 41,83% em relação a igual período de 2016 e o maior contingente em quatro anos, aponta levantamento da Polícia Federal para a TRIBUNA DO NORTE.   Syntia, Luiz e a filha, Camila, de 3 anos, entraram para a estatística no dia 7 de março. “Quando surgiu uma passagem boa, compramos”, diz Luiz. O fato de o Real ter ganhado força em relação a moedas estrangeiras – aumentando o poder de compra de quem vai viajar – ajudou na tomada de decisão. “Ajudou, mas mesmo sem isso nós iríamos”, diz Syntia. “Só se o Euro disparasse a viagem poderia ficar para depois”.
Entre os chamarizes, a Torre de Belém é um dos cartões-postais
#SAIBAMAIS#Nas agências de viagem, o termômetro internacional também aqueceu e a razão principal apontada é o câmbio. A venda de pacotes para o exterior subiu 25% e para o Brasil avançou 15%.

“O Brasil continua sendo um destino mais caro. Muitas vezes vale mais à pena ir para outros países”, diz Abdon Gosson, presidente da Associação das Agências de Viagem  (Abav-RN).

No caso dos pacotes internacionais, as vendas têm sido alavancadas por dois grupos, diz ele. “A classe alta e a classe média, que havia pisado no freio, com a crise na economia e incertezas sobre o emprego, mas que agora está voltando a viajar”.

O preço do euro e do dólar, basicamente, tem estimulado as pessoas a viajarem mais. Mas também há certo alívio em outra ponta: o Brasil começou a mandar sinais de recuperação. Parou de cair”, avalia o diretor geral da TAP no país, Mário Carvalho. A companhia, diz  ele, transporta aproximadamente 80% dos passageiros que saem do Brasil para a Europa. Foram 1,4 milhão em 2016, dos quais 80 mil na rota Natal-Lisboa.

O presidente da TAP, Fernando Pinto, observa que o crescimento de indicadores de viagens internacionais ocorre após um “péssimo” ano passado, com queda em torno de 20% no movimento da empresa e redução de voos. Para este ano, a projeção é de crescimento em torno de 10% e já há investidas em curso para tanto. Para atrair mais brasileiros – e potiguares também nesse bolo – a companhia e outras empresas ligadas ao turismo, em Lisboa, têm apostado em descontos e “novas experiências” para os visitantes.

A cidade é o principal destino dos potiguares na Europa.

Descontos e “experiências” querem atrair fluxo à Lisboa

Uma investida lançada em junho do ano passado pela TAP – o Portugal Stopover, descubra Portugal no meio do caminho – conquistou em seis meses, segundo a companhia, a adesão de 40 mil passageiros, 40% deles procedentes do Brasil. É a maior fatia entre os países em que a empresa opera, seguida por Estados Unidos (20%), França (5%) e outros países da Europa.

“O que estamos a dizer a esse passageiro é: você pode parar em Lisboa, ficar até três dias na cidade, com um conjunto de experiências e vantagens, e depois seguir para o destino que estava no roteiro”, diz o vice-presidente da TAP, Abílio Martins.

 A meta para 2017 é mais do que triplicar a adesão ao programa, chegando a 150 mil. E a grande locomotiva desse crescimento, afirma, deve ser o Brasil.

Segundo dados da companhia, 70% dos passageiros originados no país se destinavam a outros países, que não Portugal – até um ano atrás. Eles passavam direto ou se limitavam a fazer conexão no aeroporto de Lisboa. Agora, 50% ficam, experimentam o destino e tem potencial para voltar para uma estada maior, afirma Mário Carvalho, diretor da TAP. Além de Lisboa, o programa contempla o Porto e outras cidades do país.

Há a participação, nesse contexto, de aproximadamente 60 hoteis, 30 restaurantes e o que classifica como “diversas experiências”. Na prática, a companhia aérea abre mão da taxa que cobraria ao passageiro por interrupção da viagem e os parceiros oferecem descontos em hospedagem, restaurantes e outros serviços. Há também ingressos gratuitos ou tarifas reduzidas em atrações como museus municipais e visitas guiadas a pontos turísticos.

O programa permite, por exemplo, fazer passeios de tuk tuk, observar golfinhos, degustar vinhos, viajar de uma cidade a outra de carro e jogar golf. As atrações estão listadas em um site específico. Um aplicativo de celular, por sua vez, também mapeia o que é oferecido e indica quando um dessas ofertas estiver próxima ao consumidor. 

Desde fevereiro deste ano, os serviços disponíveis no programa passaram a ser ofertados também por agências de viagem no Brasil, uma estratégia para acelerar as adesões – uma vez que é das agências que saem 70% dos passageiros da companhia.

A empresa não revela de quanto abriu mão em tarifas para sustentar a investida, mas, afirma o presidente, Fernando Pinto: “Isso já foi compensado e os resultados estão acima das expectativas”. Alguns estados brasileiros, segundo a TAP, planejam adotar iniciativas parecidas, como forma de aquecer o turismo. No RN, porém, não há registro de adesões por parte dos passageiros nem houve conversas com a Secretaria de Turismo sobre uma possível adoção no estado. (*A jornalista viajou a convite da TAP).

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