A crise financeira do ABC, que sofreu uma quebra de expectativa de caixa na temporada de pelo menos R$ 2,5 milhões, já começa a interferir na própria linha de comando do clube. O Vice-presidente administrativo, Rodrigo Salustino, pediu afastamento do cargo e também renunciou a vice-presidência financeira do clube. Ele disse que num momento financeiro tão delicado, é melhor abrir espaço para pessoas mais experientes. No entanto Salustino descartou a que a decisão tenha sido tomada devido a desentendimento com o presidente Judas Tadeu ou com qualquer outro membro da diretoria. A crise se acirra num momento em que é discutida a contratação de um novo treinador para equipe, que demitiu Márcio Fernandes após a derrota para o Internacional.
Rodrigo Salustino se afasta alegando que precisa se “oxigenar”
Para cumprir com os compromissos assumidos na atual temporada, o clube vem antecipando receitas de competições do próximo ano, como a Copa do Nordeste. Já foi solicitado o adiantamento de R$ 250 mil da cota de R$ 850 mil que o Alvinegro terá direito por participar da primeira fase da competição regional.
“Há algum tempo que eu vinha conversando sobre essa possibilidade com os demais membros da diretoria. A decisão que tomei é de fórum intimo, sem qualquer ligação com problema de relacionamento. Não faltou empenho da minha parte, tentei dar uma nova dinâmica em alguns setores do clube, mas diante das dificuldades que o ABC vem enfrentando, isso tudo acabou ficando para segundo plano. Estou saindo para me oxigenar um pouco, preciso dar isso a minha família”, alegou.
O apelo realizado por Judas Tadeu, no sentido de promover a união da cúpula política do ABC, até aqui não surtiu efeito. Os atores que participaram do acirrado pleito eleitoral e estavam fora, não retornaram ao convívio do clube e nem dão sinais de que isso pode ocorrer. O máximo que o apelo conseguiu foi o silêncio.
“Conversando com alguns amigos que fizeram parte da administração do ABC, chegamos a conclusão que o melhor que poderíamos fazer neste momento de crise e que preocupa, é não atrapalhar com declarações dadas em entrevistas ou realizadas através das redes sociais. Tudo que for dito neste momento pode ser mal-interpretado”, afirmou Augusto Azevedo.
Salustino tocou na questão, o problema de isolamento de um grupo político e Tadeu, além de lamentar a perda de um membro considerado importante na direção alvinegra, também falou sobre o assunto. “A eleição foi em 2015, mas parece que o clima eleitoral prossegue até hoje no clube. Os problemas do ABC já são difíceis de se resolver com união, imagina com um clube desunido”, frisou o presidente abecedista.
Azevedo esclareceu que deixou o conselho deliberativo e está completamente afastado do cotidiano Alvinegro. “Não quero mais participar da parte administrativa, do dia-a-dia do ABC, estou completamente desligado. Não volto a participar de administrações nem com Judas Tadeu, nem com qualquer outro presidente. Não deixei de ser abecedista e nem de prestigiar o clube. Sou sócio e me faço presente a quase todos os jogos”, ressaltou.
