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Violência afasta 120 trabalhadores

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Ricélia Santiago – repórter

Assaltos, congestionamentos,  acúmulo de funções, buracos nas vias, barulho e estresse. A rotina de um motorista de ônibus vai muito além da condução de passageiros. Atualmente, são 120 profissionais, entre motoristas e cobradores, afastados de suas funções por problemas de saúde, 80% deles relacionados a transtornos mentais provocados por situações de extrema violência, como assaltos à mão armada durante o exercício da profissão. Os dados são do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Rio Grande do Norte (Sintro-RN).
Em julho, após uma soma de 402 assaltos em sete meses, a PM começou as blitze nos ônibus
#SAIBAMAIS#De acordo com o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município de Natal (Seturn), somente nos sete primeiros meses deste ano ocorreram 407 assaltos dentro dos ônibus que circulam em Natal, um aumento de 151,2% em relação ao mesmo período de 2012, quando foram registrados 162 episódios de violência.  Já de acordo com o Comando da Polícia Militar, foram 264 ocorrências registradas envolvendo transporte público nos primeiros sete meses deste ano em Natal.

Os profissionais que transportam  cerca de 400 mil passageiros/dia (somente na capital), trabalham com medo. Jorge Lopes da Silva, 53 anos, é motorista há mais de 24 anos. Foi vítima de um assalto enquanto dirigia o ônibus da linha Golandim. O episódio aconteceu no último dia 02 de agosto na avenida Mário Negócio, no bairro do Alecrim. Seu Jorge sofreu três cutiladas, duas no braço e uma na costela, e teve que se submeter a uma cirurgia. O criminoso fugiu e até agora não foi capturado.

Mesmo gravemente ferido, seu Jorge ainda dirigiu até a  delegacia mais próxima, no bairro das Quintas. A delegacia se encontrava fechada devido à greve dos agentes civis. “Na hora eu só pensava em garantir a minha segurança e a dos passageiros, pois tinha medo que o assaltante voltasse, mas chegando lá vi que as portas estavam fechadas e que meu esforço tinha sido em vão”, relatou. Seu Jorge vai continuar afastado do trabalho por mais trinta dias por transtorno mental.

O motorista Luís Henrique Andrade, de 46 anos, também foi vítima de assalto. O episódio aconteceu quando ele dirigia na  linha 45, atualmente extinta. “O rapaz entrou com um revólver, anunciou o assalto e levou tudo o que eu tinha. Ele assaltou também os passageiros, mas por sorte ninguém saiu ferido”, confessa.

 De acordo com os dados do Seturn, o pico no número de assaltos dentro de ônibus em Natal foi no mês de junho, com 102 ocorrências, enquanto no mesmo período do ano passado, foram 29. Diante do aumento no número de assaltos à ônibus, a Polícia Militar do Rio Grande do Norte montou a Operação Transporte Seguro, montando barreiras em pontos distintos das capitais para inibir a ação dos criminosos.

Depois da ação, a média diária de assaltos a ônibus caiu 94,5% em agosto com relação ao mês passado. A informação é do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário, que atribui o fato à intensificação das barreiras por parte da Polícia Militar.

 De acordo com o presidente do sindicato, Nastagnan Batista, antes da realização das blitze da PM a média diária de assaltos aos transportes coletivos era de seis, quando em todo o mês de agosto, após o início do trabalho, somente 10 assaltos foram registrados pelo Sintro, o que representa 0,33 por dia.

Segundo o presidente do Sintro-RN, os pontos mais perigosos para os motoristas são as avenidas Bernardo Vieira e Mário Negócio e os bairros de Mãe Luíza e Planalto.

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