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Violência se alastra na França e faz sua primeira vítima

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EFEITO - Pela primeira vez desde que começaram os distúrbios houve policiais baleados entre os 36 feridos Paris – Os conflitos envolvendo imigrantes, na periferia de Paris (França), fizeram a primeira morte – um operário aposentado. A onda de violência que já provocou o incêndio de 1,4 mil carros e policiais feridos a bala, atinge 300 localidades do país. A cidade de Raincy decretou toque de recolher. O presidente Jacques Chirac prometeu acabar com o conflito. Incêndio de carros foram registrados em Berlim (Alemanha) e Bruxelas (Bélgica).

A violência em Paris começou no dia 27, em Clichy-sous-Bois, quando dois adolescentes imigrantes (um tunisiano e outro marroquino) morreram eletrocutados, em uma estação de eletricidade, ao fugir de policiais. Desde então, temas como a discriminação e a vida precária, principalmente dos imigrantes africanos e árabes, voltaram a ser alvo de discussão.

O homem morto ontem foi identificado como Jean-Jacques Le Chenadec, um operário aposentado de 61 anos. Ele morreu no hospital depois de ser espancado, no subúrbio de Stains, quando tentava apagar uma lata de lixo incendiada. Após mais uma noite de violência, o saldo de veículos queimados subiu para 1,4 mil. Pela primeira vez houve policiais baleados entre os 36 feridos desde o início dos conflitos. Cerca de 1,2 mil suspeitos foram presos para interrogatório.

O primeiro-ministro Dominique de Villepin disse que toques de recolher poderão ser decretados onde quer que sejam necessários e que 9.500 policiais e gendarmes (polícia militar) estão sendo mobilizados para parar os distúrbios que se espalham pela França. “Aonde for necessário os prefeitos poderão impor toques de recolher sob a autoridade do Ministério do Interior, se eles acharem que (a medida) será útil para permitir o retorno da calma e assegurar a proteção dos residentes. Essa é nossa responsabilidade número 1”, disse Villepin para a tevê TF1.

Mais tarde, Eric Raoult, prefeito de Raincy, decretou toque de recolher a partir das 22h (horário local): “Temos que proteger a sociedade, e em especial as crianças, da violência.”

Manifestantes na cidade sulista francesa de Toulouse incendiaram ao anoitecer de ontem um ônibus e enfrentaram a polícia com bombas incendiárias e pedras, disseram autoridades. Os manifestantes pararam um ônibus e ordenaram que o motorista descesse, e então incendiaram o veículo. Não havia passageiros no interior.

O ministro da Justiça, Pascal Clement, disse ontem ter ordenado uma caçada a três jovens que estão estimulando a revolta através de seus “blogs”. A União das Organizações Islâmicas da França, por sua vez, promulgou uma fatwa (decreto religioso) proibindo muçulmanos de participar dos confrontos.

Reflexos da crise francesa parecem ter se alastrado para outros países. Em Bruxelas, cinco carros foram incendiados perto da estação ferroviária de Midi, uma bairro com forte presença de imigrantes.

Em Berlim, um grupo de desconhecidos incendiou, de madrugada, outros cinco carros no bairro popular de Moabit. Embora tenha frisado a necessidade de “não criar falsos alarmes”, Thomas Steg, porta-voz do governo, falou ontem sobre a necessidade de o país fomentar uma “política de integração correta” com os imigrantes.

Os pequenos incidentes ocorridos em Berlim e Bruxelas, onde dez veículos foram incendiados, constituem uma advertência para os governos europeus. Ninguém está livre de um efeito dominó principalmente se abrigar a mesma corrente imigratória do norte da África. É o caso de Espanha e Itália que correm o risco de contágio pelo que os francesas definem como “rebelião do subsolo”. A apreensão é maior na Itália. Romano Prodi, líder da oposição de centro esquerda, voltou a alertar o governo conservador. A Itália, disse ele, não difere muito da França. O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, atual presidente da União Européia, manifestou preocupação.

Mesmo com o clima de tensão com os freqüentes atentados, os natalenses que residem em Paris se mostram tranqüilos. O casal Charles e Sílvia Madeira está na França há quatro anos.

“Estamos tranqüilos. Por aqui tudo normal. Os atentados acontecem somente à noite”, comentou Charles Madeiras, que faz doutorado em Informática.

Ele comentou que a imprensa francesa também tem enfocado muito o clima de nervosismo, mas “quando a gente sai para trabalhar ver tudo normal. Não mudou nada.”

Charles explicou que os atentados estão ocorrendo mais na periferia do país, onde residem africanos e árabes. “É um movimento para eles entrarem na sociedade. Mas aqui (no Sul da França) está tudo calmo”, disse o natalense.

A última vez que o casal esteve em Natal foi há dois anos. Charles Madeira disse que mesmo com os atentados não cogita a hipótese de deixar a França. Ele afirmou ainda que os familiares na capital potiguar se mostram também tranqüilos.

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