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Vitinho

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Rubens Lemos Filho 
Fragilizados, estamos todos. É tempo de Covid diabólico. Eis que no jogo ABC 1×1 Sampaio Corrêa, dia 4 de abril, pela Copa do Nordeste, surge a figura tímida  do atacante Vitinho, do ABC. Fez um belo gol, o primeiro. Não teve culpa se o alvinegro, como de hábito, se fechou e esperou o  adversário por um idealismo crônico do seu treinador, um adorador dos empates. Economista de ataque. 
Vitinho me fez lacrimejar. O menino de 18 anos, foi entrevistado após o empate e estava emocionado e orgulhoso. Ganhara o troféu de melhor em campo. Vitinho passou a ser pombo entre os gatos dessa safra sem sentimentos que não sejam financeiros ao dedicar a taça à sua avó, Cilene Câmara de França.
 
Quem teve avó, sabe o quanto o amor é especial. Minha avó foi meu amor maior e me irmanei a Vitinho. Ele embargou a fala, marejou os olhos e disse que ela sempre lhe deu força, incentivou, acolheu nas horas difíceis, acalentou suas angústias, lhe deu colo e colo de avó é travesseiro sentimental e aconchegante. 
No rosto de Vitinho, a humildade precoce (não mude, Vitinho), de alguém bem-criado. Bem-criado não significa apenas riqueza. Representa assimilação de bons ensinamentos. Vitinho, além do gol no campo, fez outro, mais bonito, na vida que enfrentamos em franca desvantagem e terror para o amaldiçoado Covid-19. 
Pois bem, Vitinho, minha avó foi tudo para mim. Quando nada tinha, suas histórias me traziam felicidade. Quando não havia ninguém perto de mim, Dona Maria do Carmo nunca me deixou sozinho. 
Magrinha ela, Vitinho. Pena que torcia pelo América. E nunca reclamei ou festejei vitória do ABC, se bem que, para minha satisfação, ela me parabenizava, fazia sucos e torradas quando eu voltava feliz do Castelão, estádio que, infelizmente, destruíram, assassinaram, antes de você se tornar jogador. Aquele era seu palco, belíssimo, parecia uma nave espacial, ondulada, sedutora. 
Minha avó nasceu, Vitinho, em 1919. Nunca foi ao Castelão, depois chamado com justiça de Machadão, João Cláudio de Vasconcelos Machado, um homem gordo e dos colhões grandes(uma hérnia), que transformou o futebol do Rio Grande do Norte. 
Minha avó me liberava às peladas que minha mãe proibia. Autoridade maior? A da avó. Nunca joguei nada, Vitinho. Era um zagueiro perna de pau  de calçamento de rua,  jogava de kichute, imitação de chuteira que dez entre dez garotos de minha faixa usavam. O cadarço a gente amarrava na canela. 
Daí,minha emoção ao homenagear sua vozinha. Ficou bacana. Sabe, Vitinho, quem ama sua avó, é ser humano por inteiro. Vemos o mundo de crimes, de drogas, de mortes violentas, tantas avós chorando a perda dos netos que só lhes deram a chance de vê-los mortos, ensanguentados, trucidados. Se houvesse atenção por parte deles às avós, muitas vidas estariam salvas. 
Torcerei por você, menino forjado no Vale Dourado, Zona Norte, onde ainda resiste a liberdade da descoberta de craques, tomara que você seja um deles. É cedo e não se empolgue. Isso dona Cilene Câmara de França, avó paterna, certamente o alertou. 
Vitinho, o futebol é traiçoeiro, a riqueza pode chegar cedo, no mesmo caminhão das más companhias. Evite esses abutres. Siga o que lhe diz sua avó.
Continue agressivo em campo, sem medo de zagueiro de cintura dura, de pancadaria. Jogue sua bola, respeite o técnico, sem abrir mão do seu dom. 
Por fim, não se iluda com carros. Compre primeiro uma casa. Dê à sua avó, mesmo que ela já tenha. Depois, com seu talento, as alegrias acontecerão naturalmente. Siga em frente, Vitinho, sem deixar de expressar amor à Dona Cilene. A minha, minha avó-mãe, morreu há 21 anos. E jamais a dor passou.
Nada a estranhar 
O ABC baterá recorde universal de empates com o técnico Sílvio Criciúma. Time recua, se amedronta. Não tem confiança. 
Duelo desafinado 
Helitão, zagueiro do ABC, encontrou semelhante no quesito inimizade com a bola. Gilmar Bahia, do 4 de Julho(PI), é  atentado à modalidade esportiva chamada futebol. Os dois juntos? Ninguém merece.
Falha 
Lindo  o gol de bicicleta piauiense, mas o goleiro Wellington do ABC, estava adiantado. Wellington que vem  muito bem. 
E aí? 
Você assiste um jogão Bayern 2×3 PSG e depois vê ABC 2×2 com 4 de Julho. 
Perder para o Palmeira 
Não há desculpa disponível para o América. Vexame. 
Crise no América 
A crise que estourou no América expôs a diferença de estilos. De um lado, a franqueza às vezes rude do presidente do Conselho Deliberativo, José Rocha. De outro, a postura titubeante do presidente do clube, Ricardo Valério.
 
Prestar contas 
Prestar contas é obrigação e José Rocha contesta o modelo de divulgação pela imprensa e redes sociais, embora sejam, hoje, canais de transparência de comprovado alcance. 
Momento 
O momento para a polêmica não podia ser menos apropriado, pois o América, que vem mal das pernas no caixa e no gramado, precisa do mínimo de paz.  
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