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Viva o Alecrim

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Diógenes da Cunha Lima 
Escritor, advogado e presidente da ANL
Alecrinense apaixonado, o professor Lúcio Teixeira é observador arguto da psicologia social, registrando velada simpatia dos torcedores do América e do ABC. Segundo ele, ninguém rejeita o Alecrim Futebol Clube (AFC). A afirmação demonstra o acerto do hino oficial criado pelo compositor Dosinho: “É voz geral da torcida potiguar, o negócio só tem graça se o Alecrim jogar”.

É uma entidade singularíssima. O único Clube do mundo a ter um goleiro titular (1918 e 1919), que, depois, assumiu a Presidência da República. Quem sabe se a condição de defensor ajudou Café Filho a defender o Brasil? No Rio Grande do Norte, havia uma dicotomia de sentimentos em relação a ele: era amado por uns e rejeitado por outros. Os que o desaprovavam diziam: “Café? Nem em Xícara”.  E sobre o arqueiro a rima “frangueiro”.

Café Filho sempre foi excepcional. Sem nunca ter sido bacharel, foi advogado vitorioso e depois recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela antiga e sábia Universidade de Coimbra.

O governador Monsenhor Walfredo Gurgel cultuava o Alecrim, e nunca perdeu uma partida. Dizia que era o mais litúrgico dos times de futebol, ostentava o verde da graça e da esperança. Já no leito de morte, disse ao Padre Pio: “Estou indo, cuide do meu Alecrim Futebol Clube”.

Valorizador do bairro que lhe deu nome, nascido em agosto de 1915, destinou-se desde o início a ter função filantrópica: ajudar crianças carentes. Teve sempre o entusiasmo de dirigentes e personalidades notáveis. Muitas foram as pessoas encantadas por ele, como: o médico Severino Lopes, o comerciante Bastos Santana, os advogados José Azevedo e José Ribamar de Aguiar, financiadores nobres como a família Mota e o vice governador Clóvis Mota.

O Clube heptacampeão do Estado orgulha os moradores do Alecrim por suas glórias e vitórias. Certa vez, o Rampla Juniors do Uruguai fez excursão vitoriosa pelo Brasil. Teve uma única derrota, quando jogou contra o AFC.

Em 1968, o famoso Garrincha atuou uma partida pelo Alecrim que deu a maior renda do Juvenal Lamartine. Garrinha soube que havia um doente hospitalizado e que era seu fã. Foi ao hospital de chuteira e camiseta.

O Alecrim, de certa forma, faz parte da minha vida, já que fiz parte do dia a dia desse bairro quando, por rara e acertada intuição, lá, eu iniciei minha carreira como advogado. Já se vão mais de cinquenta anos. Em parceria com José Augusto Delgado, atuávamos em um escritório sediado na rua Presidente Quaresma, vizinho à famosa feira do Alecrim. Além do êxito profissional, sentíamo-nos felizes no alegre, movimentado, inovador bairro.

Sabedor de que eu iria passar uma temporada em Florença, recebi do presidente do Verdão uma camiseta, com o pedido de que desfilasse na cidade das belas artes. Com fotos orgulhosas, visitei o Palácio Vecchio, a Estátua de Davi, de Michelangelo e rezei na Igreja de Santa Croce.

O nome do Clube indica-lhe o destino. Vale lembrar que alecrim é erva mágica, a erva da alegria. Tem função iluminadora da mente e revigorante do coração.

Por essas e outras razões, ninguém deve estranhar que eu, torcedor do América desde menino, esteja dando vivas ao AFC. Tento juntar a minha fraca voz ao canto do periquito. O Clube Alecrinense tem enfrentado dificuldades, mas, certamente, receberá ajuda. Merece. É legítima prata da casa.

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