terça-feira, 19 de março, 2024
26.1 C
Natal
terça-feira, 19 de março, 2024

Wallace Stevens, ‘O imperador do sorvete e outros poemas’ (Cia. das Letras)

- Publicidade -

Alexandre Alves, Doutor em Literatura e professor da UERN
[email protected]

Ao lado de T.S. Eliot, William Carlos Williams, Ezra Pound, Robert Frost, Marianne Moore e Amy Lowell, entre outros, Wallace Stevens (1879-1955) figura na primeira linhagem da poesia moderna dos EUA. Não fazendo concessões em seus versos, que vão de “Harmonium” (1923) até “The rock” (1954), ele emerge ainda como “ilustre desconhecido” ao leitor médio brasileiro, assim como Hart Crane, até hoje sem obra poética publicada por aqui. Fazendo deste livro uma ampliação da obra “Poesias” (1987), o tradutor Paulo Henriques Britto (PUC/RJ) exibe – e exige – fôlego ao verter para o português alguns dos poemas essenciais de Stevens, além de tecer texto introdutório e notas sobre a tradução ao fim do livro. Optando constantemente pelo verso branco, entre instantes sublimes da poesia de Stevens como criação humana estão tanto composições concisas – como “Desilusão das dez horas”, quinze versos sobre a rotina e o sonho – quanto textos mais extensos, caso de “Apontamentos para uma ficção suprema”, semi-épico escrito em plena 2ª. Guerra Mundial (“Mas tua guerra tem fim. Depois tu voltas”, diz o eu lírico ao soldado), contendo 03 seções e cada uma delas com 10 partes(!). Em “Homem carregando coisa”, Stevens escreveu versos como “O poema tem que resistir à inteligência/ até quase conseguir” e bem que ele mereceria título mais inventivo, mesmo sendo o nome de um de seus enigmáticos textos, segundo seu tradutor.

VÁRIOS AUTORES, “Leitura de Literatura na escola” (2017, Parábola, 170 p.)
Original de 2013 e só agora republicado, dos oito textos apenas um é de estrangeiro, o da francesa Annie Rouxel (Universidade Montesquieu), sendo os demais de autoria de Professores de universidades brasileiras. O foco passa, essencialmente, pelas diferentes tensões que envolvem o ensino e leitura de Literatura na educação básica, uma adesão que entrou na rota de discussão acadêmica maior nos últimos anos. As opiniões podem seguir um viés mais direto sobre questões de oralidade (como cordel e poesia popular) no ensino, como propõe Helder Pinheiro (UFCG), citando também nomes como Ariano Suassuna e a paraibana-potiguar Clotilde Tavares. O texto de Maria Amélia Dalvi (UFES) circunda propostas metodológicas para o ensino da Literatura e para ela devem girar em torno da leitura literária e não da História da Literatura, como costumeiramente ainda ocorre nas escolas brasileiras. Tal opinião é reforçada pelo artigo da experiente Neide Luzia de Rezende (USP), responsabilizando o livro didático por sua visão reducionista do que seria Literatura e o mesmo podendo ser dito dos docentes-seguidores à exaustão deste tipo de livro, não dando espaço para a leitura, além de mal preparados pelos vários tipos de IES para trabalhar o texto literário em sala (em muitos casos, a poesia parece ser de assombrosa inutilidade para o professor). A discussão vai longe – e vem de longe – e a Literatura merece.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas