Wallyson, na pressa dos apaixonados, foi chamado de craque. Fez um belo 2007. Fez gols epopeicos, decidiu partidas impossíveis. Chegou a ser cotado para a seleção brasileira quando brilhou no Cruzeiro – artilheiro da Libertadores, até sofrer uma grave contusão, esfumaçando seu ímpeto goleador. Antes, se destacou no Atlético Paranaense(PR).
Wallyson não deu certo no São Paulo, no Botafogo, no Coritiba, no Santa Cruz, no Vila Nova de Goiás, no Vitória e no CRB, na curva descendente daqueles que vão murchando no universo boleiro.
No nível pavoroso de hoje, poderia ser diferenciado. Fez 32 gols em seis anos. Média de 5,3 por temporada. Nove desses gols foram na volta ao ABC de 2018. Quando foi contrarregra do magrelo Matheus, que parece imitá-lo na trajetória errante.
Max é uma espécie de amuleto. Nas horas de aperto, decide. O imaginário dos fanáticos faz dele um desenho surreal de 13 anos passados, contusões e a inflexibilidade do tempo. Wallyson e Max, nada pessoal(em Natal, rima pobre, tudo é levado ao pessoal), o que mais torço é que me desmintam e mantenham, longevos, o respirar de ABC e América.
O último craque foi Souza e, com todo o respeito ao seu temperamento por vezes desconfiado da humanidade, distante e arredio, gênios foram Marinho Chagas, último, único, inimitável e Alberi, melhor do Brasil em sua posição com a Bola de Prata de 1972, época de tricampeonato mundial.
O texto que abre a coluna revela uma constatação infame: as categorias de base são malcuidadas. A Lei Pelé, é bem verdade, acabou com os clubes, oferecendo uma teoria de liberdade com o fim do passe e apresentando, de panela de barro sujo, modelo de relacionamento execrável, com a ocupação do espaço para revelação de talentos, por um exército de mercenários raptando promessas ainda com cheiro de berçário.
Dinheiro rolando e os clubes trazendo paquidermes antigos, ultrapassados, machucados, enganadores, quando o sensato seria, na falta de dinheiro, botar a meninada em campo.
Daí Fessin e Matheus no ABC. Fessin, uma chama talentosa, quebrou a perna no Corinthians. Matheus, passeia por times alhures. Se bem que os velhotes enganam porque os novatos são muito fracos.
Baixinho, neguinho e mirrado bom de bola, pobre para agravar a conversa, foi banido. Não pode pagar escolinha, que ficou para gigantes zagueiros, volantes, atacantes toscos, extrato do modelo subserviente de imitação do futebol europeu da era Zagalliana. Mudaram nomenclaturas de subúrbio(escreverei sobre essa aberração outro dia) e treinador prefere empatar pois de ponto em ponto segue ganhando um conto.
Qualidade. Um dia, meus tataranetos a verão em algum campo nem que seja no verde fértil da liberdade infinita. Do jeito que o redator contemplava, encantado em 1983, um drible seco de Marinho Apolônio, maior ponta de lança da história do finado Machadão. O homem que fez 31 gols num campeonato e formou com Silva, autor de 32 gols, a parceria eternamente Bossa Nova dos sonhos de quem ama a beleza perdida de uma peleja.
Ufa!
Sua Senhoria
César Sampaio
5 de julho
Há 50 anos