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Woden, Careca, influencer

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Rubens Lemos Filho
Queria tanto conversar com o mestre Woden Madruga. Ele e Antônio Melo foram decisivos e corajosos para que eu pudesse ser jornalista. Sou grato aos dois. Woden me faz falta, ele hoje restrito à residência e nem sei mais se mantendo as sagradas viagens para a fazenda em Lagoa de Velhos, cerca de 80 quilômetros distante de Natal. Só o encontro na coluna, aos domingos. 
Woden Madruga e Antônio Melo
Ligarei  para ele, sabendo que vou irritá-lo,  para obter sua opinião de lâmina e humor de espada sobre a nova trampolinagem   do balaio  das redes sociais: digital influencer. No masculino e feminino. 
É espécime parida da associação  de desinteligência com a vaidade do nosso mundano jet e os manuais de como agredir o vernáculo. “Amiga, arrasou!”, é uma senha de fazer Rubem Braga tremer de ciúme tumular. 
Como  sei que Woden desligará o telefone em minha cara, passados, no máximo, 2 minutos e 16 segundos de apresentação desse novo e revolucionário modelo, alerto que, ao dobrar a esquina, você pode encontrar um ou uma digital influencer. 
Pensei também na minha  professora  de Português, dona Socorro, lá da Escola Técnica Federal, antes de virar  tribuna política  apartada de suas democráticas raízes. 
Perguntaria à minha professora, por que gente que não sabe sequer escrever em idioma pátrio, tunga  expressão em inglês, sem  decifrar o velho verbo to be no profundo sentido do ser: I am happy. Eu sou feliz. (Tanto faz se sou feliz ou se estou feliz agora, trata-se de uma característica, portanto, em inglês não se faz  distinção). 
Palpitam sobre qual o champanhe a ser comprado em 16 prestações no cartão de crédito, que banda o novo-rico deve contratar para a festança todo mundo sem máscara, a importância de roupas íntimas claras( inclua-se o item ceroulas) e, no feminino, calçolas, como tomar banho de piscina no charme e sem erotismo, que música de forró à guitarra,  precisa ser tocada. 
A julgar pela petulância, é bom negócio. Parasitas de ambos os sexos se apresentam sempre asseados, risonhos e em merchandising de bodega exibindo taças de vinho ou copos de uísque modelo sangria de açude, ou seja, derramando pela boca do copo. 
Imagino Woden ou Antônio Melo, outro padrão de candura, sendo convidados a um desafio  de corrida vestindo uniforme de lycra. Na areia, os dois  lambuzados e dispostos a esganar o primeiro ou a primeira influencer circulando no metro quadrado. 
O futebol brasileiro entrou na frescura também. Se não temos craques, vamos de besteirol. Uma página, até interessante sobre os anos 1980,  liderada por digital influencer de boleiro(são todos iguais no cabelo espetado, no carrão, na correntona de ouro e na maria-chuteira sinceramente apaixonada), perguntou como ficaria melhor, hoje, o rosto do atacante Careca, ex-São Paulo, seleção e Napoli em dueto com Maradona. 
Um dos maiores matadores do futebol, Careca nasceu para ser visto da cintura para baixo, pela categoria contagiante dos seus gols mesclados pela explosão dos petardos e a delicadeza da morte lenta do goleiro indefeso aos toques requintados do craque. 
Aí o Ariano Suassuna da estética especulou:   se Careca tivesse mantido a bigodeira mexicana  na Copa do Mundo de 1986, da qual foi o melhor centroavante, o Brasil teria vencido a França, pois os zagueiros(fazendo biquinho, lógico), correriam com medo de nosso camisa 9. 
Há muito tempo não enxergava tantos palavrões nos comentários. Impublicáveis, ainda que seja imensa a vontade de reproduzi-los, cada um deixando menor o entendido em baboseira. 
Na hora, juro, lembrei de Woden, ali por 1991 ou 92,  ao receber um release da Secretaria de Indústria e Comércio, no
 segundo Governo de José Agripino. 
Woden parou no centro da redação, tomou uma talagada de café morno e berrou o título do informativo. No outro dia, carimbou na coluna:“ Sictur News! E no forébis, vai nada não?” Deu rebu. O responsável trabalhava também na Tribuna.
Entro  em pensamentos impuros. Decidindo se escrevo ou não um comentário na tal página, fofíssima, que se meteu com o bigode de Careca: “E no forébis, (o do influencer), vai nada não?”. 
Contratações 
Nenhuma expectativa maior quanto às contratações anunciadas para o Campeonato Estadual. Todas no padrão que o Estado comporta: o da Série D. 
Goleiro 
O América traz um novo goleiro, Samuel, oriundo do futebol paraibano. Agiu certo. As falhas dos disponíveis na Série D foram fatais para a desclassificação do time. 
Tradição 
Nos momentos tenebrosos, o Rio Grande do Norte sempre contou com bons goleiros. Nem precisava ser do nível do melhor de todos, Hélio Show no ABC ou do falecido Rafael do América, extraordinário. Na atual Série D, o padrão caiu para abaixo da crítica. 
Palmeira 
O Alecrim sobrou, é triste, mas o Palmeirinha(é carinho, não diminutivo) de Goianinha venceu a Segunda Divisão com uma ótima campanha. 
Cabeça pra baixo 
Torcedor do Vasco virou maníaco. Olha a classificação da Série A de cabeça para baixo. Vasco é time pavoroso. 
Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.

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