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Zona de desconforto

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Renato Costa
Empresário, sócio-diretor do Grupo Forma

Acomodação, na psicologia, o termo sugere um mecanismo que permite a uma pessoa mudar suas estruturas cognitivas para incorporar novos conhecimentos. Portanto, é algo positivo. Já no mundo dos negócios, o peso da acomodação pode ser penoso e traiçoeiro. Acomodar-se significa abrir mão do grande mantra do mundo corporativo do século XXI: a inovação. Acomodação se traduz em congelar investimentos, paralisar lançamentos, dar margem à concorrência e perder mercado. Em outras palavras, é um estágio para a falência.

A despeito de crise institucional, incertezas políticas, baixa atividade econômica, queda nas vendas e câmbio desfavorável, o mercado brasileiro continua desafiando investidores e colocando à prova nossa criatividade de buscar alternativas para manter o negócio nos trilhos.

Na indústria do turismo, mercado que vivencio de perto durante as últimas décadas e que ainda me desafia a cada dia, isso não é diferente, já que o setor tem grande potencial para evoluir. Afinal, apesar de todas as adversidades possíveis, o brasileiro adora e continua interessado em viajar.

De acordo com a pesquisa realizada pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) em 2016, em conjunto com o portal de educação financeira Meu Bolso Feliz, sete em cada dez sonhos de consumo dos brasileiros ainda não foram realizados. Dentre esses sonhos, estão as viagens nacionais e internacionais (35,5% do total citado). Ao tratar das dificuldades impostas a quem busca realizar um sonho de consumo, 89% dos entrevistados remeteram tal frustração ao valor do produto.

A leitura sobre o que está ocorrendo no mercado é essencial nesse momento de volatilidade. Ainda há uma demanda reprimida, sedenta por produtos que atendam suas necessidades e que se encaixem em seus bolsos. No turbulento ano de 2016, talvez o maior aprendizado para os empresários do setor de turismo tenha sido enxergar esse público e criar mecanismos para favorecer a realização desses sonhos que, consequentemente, geram consumo.

Voltando um pouco no tempo, ao distante ano de 1997, dois sócios e eu fundamos o que hoje é a maior operadora de turismo estudantil do país, iniciando a operação com viagens para Porto Seguro, na Bahia, cidade que se tornaria o destino favorito dos formandos. Em pouco tempo, atingimos a marca de 10 mil passageiros embarcados para a cidade baiana. A leitura que fizemos naquele momento foi certeira: atender um público “desprezado”.

Não existe receita de bolo para o sucesso, mas “não se acomodarás” é, com certeza, o primeiro mandamento. “Aproveitarás as oportunidades” talvez seja o segundo.

Para 2017, a aposta é em produtos com preços mais acessíveis, voltados à classe C. Óbvio que as classes A e B continuarão a bordo, mas ampliar a oferta de produtos para captar uma fatia maior de mercado, sem diminuir a qualidade do serviço, é o B-A-BÁ do crescimento sustentável.

Sabemos que a zona de conforto é sedutora. Porém, traiçoeira. É essencial que os empresários entendam a importância de desafiar seus limites, respeitando o mercado sempre. O que funciona hoje será obsoleto amanhã. Coragem, inteligência e audácia caminham juntas e o sucesso está diretamente ligado a esses fatores. Então, fuja da acomodação e se reinvente o mais depressa possível.

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