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Copa: um mundo de oportunidades

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Políticos, empresários, autoridades e pesquisadores discutiram o impacto da Copa de 2014 na economia do Rio Grande do Norte durante a 13ª edição do Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte, seminário realizado ontem pela Tribuna do Norte, Sistema Fiern, Sistema Fecomércio, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e governo do RN, no Pestana Hotel. Para Amaro Sales, presidente da Federação das Indústrias do RN (Fiern), a Copa deixará três legados: o legado da infraestrutura, o legado social e o legado das oportunidades de negócio.
Seminário Motores do Desenvolvimento mobilizou diversos segmentos da sociedade que lotaram o auditório do hotel Pestana para debater o estágio em que se encontram as obras da Copa do Mundo
Segundo Amaro, a Copa renderá ao RN cerca de R$ 4 bilhões em investimentos em infraestrutura, considerando os projetos afins, como o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, a ampliação do porto de Natal e o Terminal Marítimo de Passageiros de Natal. No Brasil, o investimento chega a R$ 33 bilhões, segundo Ricardo Gomyde, diretor de futebol profissional do Ministério dos Esportes e assessor do Ministério. Para o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN (Fecomércio/RN), Marcelo Queiroz, o valor pode ser ainda maior, se considerar os recursos que serão aplicados pela iniciativa privada. “Com o mundial, R$ 200 bilhões serão agregados ao PIB brasileiro”, acrescentou.

Marcelo Queiroz, presidente da Fecomercio: Com o mundial, R$ 200 bilhões serão agregados ao PIB brasileiro.O atraso na execução das obras de mobilidade foi mencionado por vários palestrantes ao longo do dia. Natal foi eleita cidade-sede da Copa há quase três anos, em maio de 2009. De lá para cá, poucos projetos avançaram. “Estamos atrasados? Estamos.  Precisamos agora recuperar o tempo perdido”, afirmou o deputado federal e líder da bancada do PMDB, Henrique Alves. Para a governadora Rosalba Ciarlini, o atraso não preocupa no momento. “O projeto das obras de mobilidade está pronto. Aguardamos só o repasse da Caixa”, reafirmou.

A Prefeitura do Natal já começou a construir os desvios e  pagar as desapropriações necessários  à execução das obras de mobilidade.  A expectativa é que os desvios – de responsabilidade do Município – fiquem prontos em 30 dias, segundo o  secretário municipal da Juventude, Esporte, Lazer e Copa do Mundo da Fifa, Jean Valério. “Há atraso? Depende do ponto de vista. Há etapas que precisam ser cumpridas. O que posso dizer é que vamos terminar a tempo”, acrescentou o secretário. A prefeita Micarla de Sousa relembrou que o contrato para execução do primeiro lote das obras foi assinado ainda em dezembro.

Ricardo Gomyde , ass. do Ministério do Esporte: Torcemos para que as obras de mobilidade fiquem prontas até 2014, mas se não ficarem, não haverá problema.Ricardo Gomyde, do Ministério do Esporte, tranquilizou os participantes. Segundo ele, o atraso na execução das obras de mobilidade urbana não atrapalha a realização da Copa do Mundo de 2014. “As obras não são para a Copa, são para o país. Torcemos para que fiquem prontas até lá, mas se não ficarem, não haverá problema”, afirmou. Os potiguares, no entanto, sabem que para potencializar os ganhos é preciso acelerar as obras. “Desapropriações comportam imprevistos”, alertou Amaro Sales, da Fiern, “e exigem recursos”, completou.

A menos de 800 dias para o Mundial, a prefeita Micarla de Sousa reconheceu que enfrenta um grande desafio, mas garantiu que “vai fazer o que tiver de ser feito”. Ela reconheceu que precisará de toda a ajuda possível e cobrou mais agilidade da Caixa Econômica Federal, que analisa os projetos da Copa e libera os recursos. Rosalba Ciarlini também reconheceu que a responsabilidade do estado é grande. Por fim, a governadora comentou o impacto das notícias negativas. “Elas geram insegurança e afastam os investidores do Rio Grande do Norte”. O ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves, também compareceu ao seminário.

Jogos mudaram imagens da Alemanha e África do Sul

 O diretor do escritório da Federação Internacional de Futebol (FIFA) no Brasil, Fulvio Danilas, apresentou a palestra “O Impacto da Copa do Mundo da FIFA”, na qual ressaltou o legado pós-Mundial nos dois países – Alemanha, em 2006, e África do Sul, em 2010. Danilas destacou que no caso da Alemanha, as cidades que sediaram jogos ou serviram de pontos de hospedagem para seleções e turistas, tiveram um reconhecimento do público internacional que perdura até hoje. Além disso, a  imagem que a maioria das pessoas tinham da Alemanha – como um país com pessoas rudes e herdeiras do comunismo – foi quebrada a partir do tema da Copa do Mundo de 2006 que era: “Time to make friends” (Hora de fazer amigos, em tradução livre).
Fulvio Danilas:  melhoria na qualidade de vida da população
“A Copa do Mundo é uma boa propaganda para as cidades-sedes, principalmente as menores”, destacou Fulvio Danilas. De acordo com estudos providenciados pela FIFA nos dois países que sediaram o Mundial antes da escolha do Brasil, o setor turístico sofreu um aporte considerável. Além disso, cerca de 1/3 dos turistas que visitam hoje, dez anos depois, as pequenas cidades da Alemanha, as conheceram primariamente através das reportagens veiculadas nos canais de televisão e mídias diversas ligadas à Copa do Mundo. De acordo com dados da FIFA, citados por Danilas,  ainda há uma melhoria nos índices que dizem respeito à confiança da população dos países-sedes em relação aos seus governantes e ao próprio espírito de patriotismo.

 Conforme apresentação de Fulvio Danilas, 92% da população alemã afirmou, durante pesquisa realizada meses após a Copa do Mundo, que a decisão de sediar o Mundial em 2006 foi correta. “Os próprios alemães passaram a ter mais orgulho do seu país”, comentou Danilas. Para ele, os países que sediam o Mundial ganham em quantidade de serviços e infraestrutura e na qualidade de vida que fica como legado para a população e turistas que visitam as cidades-sedes durante os jogos e para os que retornam após conhecerem o país pela televisão. Uma ressalva, porém, foi feita sobre os efeitos socioeconômicos da Copa do Mundo.

 Não há, segundo a FIFA, nenhuma evidência que comprove o benefício econômico a curto prazo. “Entretanto, os estádios são multiuso, a infraestrutura das obras de mobilidade urbana ficam para a cidade, há um impulso no setor turístico, os cidadãos tem orgulho de  serem daquele país e passam a confiar mais nos gestores”, ressaltou Danilas. Ele disse, ainda, que 84% dos cidadãos africanos avaliaram positivamente a realização da primeira Copa do Mundo naquele continente. Além disso, os benefícios do Mundial foram bem avaliados por 63% dos entrevistados. Os questionários foram aplicados seis meses após o Mundial. “A Copa do Mundo é entretenimento de primeira para o povo. E isto pode ter um valor”, disse o representante da FIFA.

#SAIBAMAIS#De acordo com ele, em recente pesquisa realizada no Brasil, a maior parte dos entrevistados respondeu que aguardam efeitos positivos do Mundial, além do desenvolvimento econômico. Em contrapartida, se disseram preocupados com a questão da segurança/criminalidade durante os jogos e ainda, com os atrasos nas construções dos estádios. Sobre Natal, Danilas afirmou que “as dificuldades foram superadas e tem a confiança de que o estádio estará pronto no tempo hábil”. Durante o debate, Danilas evitou responder questionamentos relacionados aos temas polêmicos que envolvem a Copa do Mundo no Brasil, como os atrasos nas obras dos estádios e nas intervenções da mobilidade urbana.

 Ele ressaltou, porém, em uma das respostas ao público presente no Seminário Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte, na manhã de ontem no Hotel Pestana, que as cidades que sediarão os jogos deverão estar preparadas para receber um grande número de turistas durante os dias de jogos mais concorridos. “A infraestrutura dos aeroportos deverão estar preparadas, com um planejamento bem elaborado para receber voos fretados e, consequentemente, atender a uma maior demanda de voos e decolagens extras”, enfatizou Danilas.

Questionado sobre o valor dos ingressos das partidas, Danilas disse que existirão ingressos ao custo de 25 dólares, o que é considerado um preço popular para a FIFA. Eles deverão estar disponíveis para compra no site da entidade máxima do futebol mundial a partir de julho de 2013, após o término da Copa das Confederações.

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