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Sebrae prepara equipes para aproveitar oportunidades

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Uma Copa do Mundo tem o poder de suscitar as mais diferentes reações. A vontade de ganhar da torcida apaixonada, a alegria de estar competindo pela primeira vez para os países com menos tradição, a enxurrada de jornalistas dispostos a cobrir o evento. Contudo, para os empresários e empreendedores das cidades-sede a Copa do Mundo significa essencialmente a oportunidade de fazer bons negócios. O mundial de seleções é antes de tudo um negócio lucrativo, uma máquina de gerar dinheiro e cabe às cidades que recebem o evento conseguir aproveitar todo o potencial do evento.
Construção civil, setor que mais cresceu na Grande Natal na última década, será um dos segmentos beneficiados com a Copa do Mundo
Ao se deparar com essa realidade, o Sebrae contratou a Fundação Getúlio Vargas para pesquisar a quantidade de oportunidades em cada cidade-sede. Disso gerou-se o Mapa de Oportunidades do Sebrae, que é hoje um dos principais balizadores de como os setores envolvidos devem se comportar para aproveitar a oportunidade. Os nove setores afetados, segundo o Sebrae, são: Construção civil, tecnologia da Informação, madeira e móveis, têxtil e vestuário, produção associada ao turismo, turismo, comércio varejista, agronegócios e serviços. Em Natal, foram identificadas 356 oportunidades nas nove áreas pesquisadas.

De acordo com o gerente do Programa Sebrae 2014, Célio Vieira, o principal catalisador de desenvolvimento no que diz respeito à sediar jogos da Copa do Mundo FIFA Brasil 2014 é a exposição. “Teremos muitas horas de divulgação da cidade em várias mídias ao redor do mundo. Esse é o principal ganho e é algo que precisa ser aproveitado”, resume.

Nesse sentido, o trabalho do Sebrae com quase 400 empresas que já aderiram ao Programa Sebrae 2014 é orientar acerca da melhor forma de aproveitar o momento. A empresa que adere ao programa recebe uma “matriz de competitividade”, um questionário com várias perguntas que visam identificar o nível de adequação já existente e quais as ações necessárias. “A matriz é importante porque mostra às empresas participantes o nível de evolução alcançada durante o processo”, aponta Celso Vieira.

As prioridades, para o Sebrae, são estimular diferenciais e ajudar a gerar empresas competitivas. “São fatores fundamentais. O objetivo é esse porque quando a empresa tem um diferencial é mais fácil conseguir mercado, é mais fácil conseguir a sustentabilidade dessa empresa”, explica Célio. Essas capacidades precisam estimuladas antes do evento para que depois o legado seja satisfatório.

“O fato de a OAS precisar de uma empresa local para fornecer determinado material não significa que será a empresa “x”. É preciso se diferenciar para continuar no mercado”, acrescenta. Ao mesmo tempo a competitividade é fundamental. “Até para que depois do pico que representa a Copa do Mundo em si não haja quebradeira, não haja problemas”, diz o gerente do Sebrae.

As oportunidades identificadas pelo Sebrae atingem setores que orbitam em torno da cadeia do turismo, que é a principal atingida de forma direta. Tome-se o exemplo de um hotel que precisa adotar melhorias para receber o turista. Se for necessário fazer uma ampliação, a construção civil é beneficiada. Se for necessário implantar sistemas de informação, internet, transmissão de dados em rede, beneficia o setor de tecnologia da informação. Se for necessário trocar o acervo de roupa de cama e banho, o setor têxtil passa a ter oportunidade de fazer novos negócios. “É por esse efeito em cadeia que a pesquisa do Sebrae se torna fundamental”, encerra Célio Vieira.

Hospitalidade:  um trunfo para atrair turistas

Um dos primeiros passos para se preparar a contento para receber os jogos é qualificar a mão de obra. Uma das mais famosas características do povo brasileiro, e também potiguar, será um trunfo nesse processo: a hospitalidade. “Precisamos colocar em prática o bem receber, a nossa hospitalidade, para cativar esse turista”, avalia o secretário estadual de Turismo, Luiz Eduardo Carneiro.

No que diz respeito à qualificação, o principal programa é o Pronatec Copa, promovido pelo Governo Federal, através do Ministério do Turismo, em parceria com o Governo do Estado. O Programa de qualificação técnica está focado em áreas ligadas à cadeia do turismo, inclusive com a oferta de aulas de línguas estrangeiras.

A meta do programa é formar 40 mil profissionais por semestre, em 32 áreas ligadas ao receptivo turístico, como auxiliar de conzinha, camareira e garçom, além de aulas de inglês, espanhol e libras (linguagem de sinais). Ao todo, até a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, serão 240 mil vagas ofertadas pelo Sistema S (Sesc, Sesi e Senai) e instituições federais de educação profissional. As vagas contemplarão as doze cidades-sedes do evento, além dos municípios do entorno e destinos de visibilidade internacional.

As inscrições poderão ser feitas pelo site pronateccopa.turismo.gov.br/pronatec/hotsite/index.html . As aulas estão previstas para começar a partir de 7 de maio. O curso tem 160h/aulas, que equivale a cerca de quatro meses de duração. As aulas são gratuitas e presenciais, e os participantes também receberão auxílio estudantil, entre alimentação e transporte.

Para participar do Pronatec Copa, o interessado deve ter 18 anos ou mais, e morar em uma das 12 cidades-sede da Copa, entorno, ou em um dos destinos turísticos selecionados. Ao realizar a inscrição,  o aluno deverá escolher o curso de qualificação que deseja fazer, de acordo com o seu interesse ou com a área de atuação profissional.

As 32 atividades variam de acordo com a escolaridade do aluno. Na pré-matrícula, cada participante poderá escolher três cursos de qualificação, para ter mais opções caso já tenham acabado as vagas do curso escolhido.

Bate-papo

Qualificação é fundamental

Do seu ponto de vista, o que o turista que vier para Natal assistir aos jogos da Copa do Mundo poderá consumir além das belezas naturais? Haverá, de fato, um aumento no consumo de produtos e consequentemente aporte nas vendas no comércio varejista?

Estudos apontam que mais de 50 setores da economia são impactados pelo aumento do fluxo turístico. Isso já gera uma expectativa muito positiva. O turista que vier aos jogos vai comer, vai comprar souvenires, vai usar táxi, vai querer consumir produtos típicos nossos. Esta é a uma característica do turista. Qualquer gasto aqui movimenta a economia. São recursos novos, que vão girar em todo a cadeia produtora do Estado. O vendedor de água de coco, por exemplo, que ganhar mais dinheiro, vai comprar mais alimentos para a casa dele ou mesmo mais roupas para a família. O comércio tem como base a retroalimentação. E num evento desta dimensão, isso fica muito nítido. Olha só, falar em números é sempre um pouco complicado e pode redundar em fazermos até um subdimensionamento. Mas, apenas a título de ilustração, uma pesquisa feita recentemente pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC), mostra que, em média, cada turista que visita Natal gasta cerca de R$ 247 por dia e fica aproximadamente 7 dias aqui. Isso quer dizer que cada turista deixa no estado R$ 1.729. Como eu já disse, estima-se que, só em 2014, a realização da Copa aqui em Natal seja responsável direta pelo aumento de 1 milhão de turistas no nosso fluxo anual. Isso quer dizer que, só estes turistas vão deixar na nossa economia R$ 1,72 bilhão. Dinheiro novo, que circulará em todos os segmentos.
Marcelo Queiroz, presidente da Fecomércio/RNA
Como fazer para que as pequenas empresas sejam incluídas nesse processo de crescimento esperado com a Copa do Mundo?

Mais de 96% das empresas potiguares são micro e pequenas. De certa forma, podemos dizer, portanto, que não há como excluir estas empresas do filão. O importante, como eu já disse, é cuidar do seu produto ou serviço e da forma como ele chega ao seu cliente.

Qual será a importância de programas de qualificação de mão de obra nesse processo? A  Fecomercio pretende desenvolver algum?

Qualificar é fundamental, como eu já disse. No Sistema Fecomércio – que inclui Federação, SESC e Senac – nós já temos diversas linhas de atuação com este foco e uma mais específica para a Copa 2014. É o “Senac em Campo, RN no Mundo”, um grande guarda-chuva de ações e projetos com foco no evento. Para se ter uma ideia, anualmente, através do Senac, o Sistema Fecomércio RN já forma cerca de 30 mil pessoas em todos os cursos do nosso portfólio. Só nos segmentos de turismo, hospitalidade e lazer são 3 mil/ano. Daqui a aproximadamente 12 meses, quando as obras de ampliação do Hotel Escola Senac Barreira Roxa estiverem concluídas, este número vai dobrar. Temos mais de cem cursos no nosso portfólio que atendem a estas demandas. Isso sem contar os programas específicos de idiomas (Inglês, Espanhol, Alemão, Italiano e Francês), todos com reconhecido nível de excelência. O nosso Programa Senac de Gratuidade também se encaixa neste conjunto de ações. Através dele, já matriculamos cerca de 7 mil pessoas de baixa renda em boa parte dos cursos do nosso portfólio. É a democratização do acesso à qualificação, igualmente importante no contexto da preparação de nosso estado para receber o evento.   

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