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Tribuna 73 anos

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Alex Medeiros


Algumas vezes escrevi sobre a história da Tribuna do Norte e do seu fundador, Aluízio Alves. E não escrevi só aqui, mas também nos saudosos Diário de Natal e O Jornal de Hoje, tantas vezes tratados como coirmãos por Agnelo Alves e Woden Madruga, duas enormes referências para quem faz jornalismo na aldeia de Cascudo. Hoje, para marcar o aniversário do jornal, resgato um texto de um dos mais íntegros jornalistas que já passaram na imprensa do RN.
Luciano Herbert partiu precocemente em outubro de 2015, e foi um talentoso repórter nesta história de 73 anos da Tribuna (e correspondente do JB). Tinha confessável admiração por Aluízio Alves e foi correspondido pelo velho líder político. Nada melhor para felicitar o jornal em seu dia do que o texto publicado há anos em seu blog no site Sanatório da Imprensa, narrando uma das facetas da genialidade de Aluízio: o faro de repórter que a política não apagou. 
O furo de Aluízio Alves

Por Luciano Herbert Abreu de Medeiros
Tancredo Neves estava feliz ao ser eleito presidente da República, pois vislumbrava no mandato a grande oportunidade de promover a redemocratização do país e devolver para a população a esperança de um país melhor para se viver.
No livro “O que é ser jornalista”, lançado pela Editora Record, Ricardo Noblat conta detalhes da cobertura jornalística preparada para o dia da posse. Um detalhe, porém, chama a atenção dos norte-rio-grandenses quando se refere a operação que impediu a sua posse. Ao descrever os acontecimentos, faz uma revelação importante citando um político do Rio Grande do Norte: Aluízio Alves.
Noblat conta que no dia 14 de janeiro, véspera da posse, por volta das 21 horas se encontrava na redação da sucursal do Jornal do Brasil, chefiada por ele, em Brasília, apenas na companhia dos repórteres Bob Fernandes e José Negreiros, escalados para a cobertura do dia 15 com pauta livre pelas ligações dos dois repórteres com o presidente eleito.
Bob Fernandes havia feito a cobertura da campanha de Tancredo e ganhou a confiança dos seguranças dele. José Negreiros participara da primeira viagem internacional do presidente. Bob estranhou não conseguir conversar com nenhum dos seguranças e deduziu que alguma coisa estava acontecendo. No momento em que exteriorizava a sua preocupação para os colegas, toca o telefone na mesa de Noblat.
“Do outro lado da linha, a voz nervosa de Aluízio Alves, futuro ministro da Administração, me deu a notícia mais extraordinária de todos os meus anos de jornalismo”, afirma Noblat. Aluízio Alves disse que, naquele momento, Tancredo estava sendo levado para o Hospital de Base de Brasília, onde seria operado e que não tomaria posse no dia seguinte.
Esta revelação de Ricardo Noblat apenas deixa clara uma característica da personalidade de Aluízio Alves: o faro jornalístico. Vem desde os tempos de “O Clarim”, que fundou na sua cidade de Angicos, região Central do Estado, quando tinha apenas 13 anos. Era um jornal de apenas um exemplar, desenhado e datilografado por ele mesmo e que passava de casa em casa. 
Também foi iniciativa de Aluízio o jornal “A Palavra” e a revista “Potiguarânia”. Dirigiu “O Estudante”, trabalhou como repórter do jornal “A Razão”, criado pelo Partido Popular e de outros jornais, entre eles “A República”, sem falar na colaboração que deu a importantes títulos nacionais, como a “Tribuna da Imprensa”, onde fazia dobradinha com Carlos Lacerda. Também fundou, em 1945, a Faculdade Eloy de Souza, o primeiro curso de jornalismo do Estado, por onde passou uma geração inteira de jornalistas que formaram e formam ainda hoje opinião no Rio Grande do Norte nas últimas décadas.
Aluízio Alves ingressou na política. Foi governador, deputado federal constituinte, ministro de Estado duas vezes, mas nunca esqueceu o jornalismo, pelo contrário, construiu o que hoje é denominada Rede Cabugi de Comunicação. Quando ligou para Ricardo Noblat, naquele dia 14 de janeiro de 1985, passando a informação da doença de Tancredo, Aluízio era apenas o repórter que nunca deixou de ser nos últimos 70 anos. E, convenhamos, foi uma senhora informação. (LH)
Luciano
É preciso destacar e sempre repetir. Luciano Herbert foi um jornalista cuja competência profissional tinha a mesma dimensão do caráter e da honradez, qualidades raríssimas nestes tempos insalubres de comunicação prét-à-porter.
Aluízio
Em 1980, quando as esquerdas se reorganizaram, a sabedoria de Aluízio Alves freou radicalismos ainda durante a gestão Figueiredo. Escreveu na Tribuna da Imprensa, sua velha casa carioca, três fatos relevantes do Planalto.
Alves
Na avaliação do general-presidente, ele disse: “Prefiro começar pelas coisas favoráveis. Primeiro, houve a revogação do AI-5. Segundo, houve, em consequência, o projeto da anistia. Terceiro, houve a reformulação partidária”.
Woden
Inquestionável que a figura de Woden Madruga é o mais fiel e atual retrato da história da Tribuna. É daquelas presenças humanas que se confundem com paredes, móveis e utensílios, um símbolo da resistência da circulação diária.
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